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domingo, 29 de julho de 2012

Os Ofícios da Poesia

O sonho do poeta - de Paul Cezane

Maria Conceição Ouro Reis

Havia um tronco, sem vida, na estrada. Fôra árvore. Hoje, madeira solta, sem flores, sem flores para colorir e sem folhas para abrigar ninhos.
Veio o lenhador e com o machado sulcou-lhe veios e fez-lhe fendas.
Onde o sangue ?Onde as lágrimas ?Só se ouvia o ruído seco- era o machado.
O TEMPO é o MESTRE e, dentro em pouco, móveis ou esculturas- surgiam do tronco inerte.
Era um ofício exercido.
                                 ....
A massa pegajos - o cimento, o barro, a areia – e da mistura vem o poder de unir, juntar tijolos, lajes, erguer muros.
É pedreiro que chega e constrói.
Era um ofício exercido.
                           ......
Luzes e instrumentos esterilizados; algodão, esparadrapo, gaze, fios, etc...
O abdomem aberto, as entranhas à mostra.
E vem o cirurgião abrindo, extirpando, enfim, restituindo a esperança.
Era um ofício exercido.
                               ...
A palavra nasceu, mas nada exprimia. Que pena!
As frases, o texto e o pensamento...
Novamente a solidão está só, pois, o homem não diz nem recebe MENSAGEM.
As cores, a luz, as trevas, a Humanidade, enfim...
Amontoados de dias e de noites mortas...
Era o CAOS! É o CAOS!
Quem poderá salvar e dar a Vida?
Quem poderá vislumbrar o Imortal?
Ei-lo que chega e das notas musicais criará a melodia.
Ei-lo que chega e das sílabas desconexas fará brotar o AMOR.
Continua perdido na multidão, no tempo e no espaço.
...MAS ELE FAZ, ELE CRIA.
É Lenhador ? Pedreiro ? Cirurgião ?
Tudo ou Nada ?
Corram... Venham...
É um POETA. Ele salvou a VIDA.
É o ofício exercido.