Maria Lígia Madureira Pina
Quanta saudade em minha alma
do São João da minha infância!...
Papai, mamãe, as tias, as primas,
os primos e amigos...
Cila, Bá Pio, velha Maria
e eu, por todos mimada.
Que festa linda! Quanta coisa saborosa!
Pamonha, canjica, milho verde cozido
e assado e o saboroso manauê
que a mamãe fazia.
Aquecendo a noite fria
a fogueira enorme
transformada em braseiro.
Assava-se o milho verde
e a gostosa carne do sol
feita em casa.
Vamos pular a fogueira?
Vamos...
“São João dormiu
São Pedro acordou
Ester é minha tia
porque São João mandou”.
As sortes, as adivinhações...
“Menina namoradeira
que sempre está à janela
tua sorte é se casar
com um cara de panela”.
Risos, graçolas, gritos...
Botar faca virgem em bananeira,
barquinha de papel
marcando na bacia com água
o nome do Príncipe Encantado.
Rodas de samba.
Cantigas de roda:
“Vem cá siriri
as meninas me chamam
e eu não quero ir”.
E os bailados folclóricos,
os ternos, as prendas
E outras brincadeiras?
“Lá vai minha barquinha
carregada de ...Amor”
Fogos a valer:
chuvinha, chuva de prata
pistolas e rojões
cobrinhas e vulcões
e o amor
aquecendo os corações.
(23.06.1975)
Do livro “Satélite Espião – observa a vida no Planeta Azul”, poesias, publicado em 1998, Gráfica Popular.