Lígia Pina
Verão
O sol é um braseiro...
a terra tórrida,
rachada
Sertão...
Se não cai uma chuva
benfazeja
morre a vegetação
morrem os animais.
Homens, mulheres,
crianças
mirradas, esqueléticas
abandona as terras, o
lar
ou morrem de inanição.
E nós, os outonais da
vida
sentimo-nos cansados,
moles da canícula
dessa estação.
Inverno
O céu se derrama...
lágrimas em turbilhão.
Tudo nublado,
acinzentado...
Os pássaros, os insetos
buscam seus ninhos
E nós os outonais
da vida
buscamos o aconchego do
leito
e o calor dos mais
cálidos lençóis.
Primavera
A Terra resplandece...
As árvores e as
campinas
vestem-se do
multicolorido
de milhões de flores
numa linda visão
de múltiplos
arcos-íris.
Os pássaros, os insetos
deliciam-se
com o dúlcido néctar
licoroso.
E até nós, no outono da
vida
sentimo-nos renascer
sob os fluídos da
primavera,
circulando em nossas
veias
em nossos corações.
Outono
Folhas amareladas
outras prateadas
caem das árvores em
profusão
e são levadas pelo
vento
em turbilhão...
Também, nós no outono
da vida
somos folhas arrastadas
pelos vendavais da
vida.
Desencontros,
sofrimentos,
saudade da juventude.
Desilusão.
***