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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

"Perfis Acadêmicos" de J. Anderson Nascimento


O livro manterá para sempre a memória acadêmica
sergipana registrada em primeira mão.

Uma das últimas publicações do escritor e presidente da Academia Sergipana de Letras (ASL) – José Anderson Nascimento - com o título “Perfis Acadêmicos”, traz um manancial de dados, fruto de uma grande pesquisa, desde seus fundadores até os atuais ocupantes das quarenta cadeiras que formam o Sodalício. A obra com 757 páginas, impressa pela SEGRASE – Serviços Gráficos de Sergipe, inicia com o Prefácio escrito pelo notável escritor Jackson da Silva Lima. Já temos luzes sobre a criação da Hora Literária, em 17 de julho de 1927, que inicia com 17 membros, e vamos entendendo que todo agrupamento tem seus conflitos, mas há a hora de conciliação ou então, cada um segue seu caminho. A Hora Literária ao passar efetivamente à Academia Sergipana de Letras, engloba o Estatuto, as cadeiras, os patronos e seus respectivos acadêmicos, mesmo registrando algumas mudanças. 
Anderson Nascimento, abre a introdução com a frase de Machado de Assis – “Uma Academia tem de ser integrada por três espécies: literatos, personalidades - para conferir visibilidade à instituição - e jovens para trazer alegria”. É isso que temos na ASL: escritores, poetas, historiadores, jornalistas, professores, advogados, políticos e jovens estudantes encantados pela literatura. 
O autor produziu, realmente, uma obra didática. Leitura para todos que gostam de ler, base para conhecimento e fonte de pesquisa para qualquer pessoa interessada em literatura, nos escritores sergipanos e suas obras.
É instigante a narrativa do escritor pois ele conduz tudo com descrição de fatos, datas e textos de obras. Vamos conhecendo a história desde aquele 17 de julho, a chegada de cada membro, a lista de patronos, suas cadeiras, seus embates, alguns textos dos escritores, a mudança para Academia Sergipana de Letras, o aumento de cadeiras (agora 40) trazendo biografias dos 171 membros entre patronos, fundadores, sucessores e atuais ocupantes. O livro manterá para sempre a memória acadêmica sergipana registrada em primeira mão. Interessante observar que 5 cadeiras só foram ocupadas por 3 acadêmicos; 23 por 4; 8 por 5 e 4 por 6 acadêmicos.  Assim cada uma das cadeira vai nos trazendo nomes de escritores, poetas ilustres que deixaram obras marcantes no Estado e além fronteiras.  Há uns não tão famosos mas, se reconhece que de alguma forma deram à Academia o apoio em benefícios estruturais e promocionais, por isso o reconhecimento aos mecenas. O livro tem leitura para muitos dias. Outro livro que deve ser bem recebido é das suas pesquisas sobre as ruas e avenidas de Aracaju como existiam no passado. Seguindo listas de endereços antigos, ele descreve os casarões, estabelecimentos comerciais, pontos pitorescos, e seus proprietários, fazendo-nos relembrar ou conhecer personalidades que marcaram a vida aracajuana. Pesquisa abrangente e que lhe custou  anos, à procura de contato com pessoas ainda residindo no local ou vizinhos e parentes dos falecidos, inclusive, a tentativa em recuperar velhas e grossas listas telefônicas... 

A professora e escritora Maria Lígia Madureira Pina (que ocupou a cadeira n. 27 por 19 anos -1995/2014) e era vice-presidente quando faleceu) costumava elogiar Anderson pela persistência e dedicação à Academia. Assim, ela procedeu para com a Academia Literária de Vida que fundou. Que ninguém criticasse nada da ASL, pois ela tinha sempre palavras ponderadas e incisivas para defender e principalmente tratando-se de Anderson. E realmente, ele fez muito ao longo de suas gestões, quase a completar uma década. Reativou e fez crescer o número de acadêmicos correspondentes; reformou o prédio (encontrou caidaço!!!); instalou um auditório, sala de reunião, copa e escritório completos; renovou móveis no ambiente de lançamento dos livros; reabilitou a biblioteca e procura informatizar o arquivo. Mantém funcionários nos setores. Vem batalhando já algum tempo para instalar um elevador, o que ajudaria muito nas visitas de pessoas idosas à Biblioteca. Para isso continua buscando apoio, doações e conquistando parcerias. Também firmou vários convênios com faculdades do Estado e de São Paulo, com secretarias de Estado, inclusive é curadora do Espaço Formadores da Nacionalidade e do Espaço de Convivência Cultural, localizado na Orla de Atalaia, visando incentivar a divulgação e o conhecimento das obras artísticas ali existentes. A Academia distingue personalidades de méritos relevantes com a Medalha do Mérito Cultural Silvio Romero - a mais alta condecoração da ASL - e outras placas honoríficas Ofenísia Freire (Cultura); Orlando Dantas (Jornalismo); Horácio Hora (Artes Plásticas); Marcos Ferreira de Jesus (Política). Ao lado de tudo isso, cultiva a herança deixada pelo ex-presidente Antônio Garcia Filho, o Movimento de Apoio Cultural – MAC. O apoio tornou-se escola para futuros acadêmicos. Dali muitos escritores receberam incentivo e forças para pleitear uma cadeira na Academia. Hoje está mantido com o nome de Movimento Cultural Antônio Garcia Filho (uma homenagem ao fundador), reunindo vinte membros. A Academia retomou a publicação da Revista, cujo primeiro número data de 1931 e vem publicando periodicamente, um Boletim Informativo muito bom, cujos coordenadores editorias são os membros do MAC: Lúcio Antônio Prado Dias e Claudefranklin Monteiro, e a acadêmica Luzia Nascimento é a jornalista responsável. 
Dizem os fracos de ideias que uma academia literária só serve para bate papos e cafezinhos, outros, mais radicais, que não servem para nada. Já sabemos aonde vai dar quem não gosta de ler, não aprecia o estudo e não zela pela educação. Bendita seja ASL! Bem aventurados sejam seus ocupantes! Por muitos e muitos anos.
Parabéns Anderson Nascimento pelo belo e importante livro “Perfis Acadêmicos”.

Aju, abril/2018
Shirley Maria Santana Rocha
Presidente da Academia Literária de Vida
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