CENTRO DE ESTUDOS, DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA DA ACADEMIA MARUINENSE DE LETRAS E ARTES - CEDOMA
40 ANOS DO MOVIMENTO CULTURAL ANTÔNIO GARCIA FILHO – MAC/ASL
José Ferreira Lima (1918-2015) Foto/álbum da família |
Por Maria Lúcia Marques Cruz e Silva[1]
Caríssimo Confrade e Presidente da
Academia Sergipana de Letras, nossa Academia Mãe, Dr. José Anderson Nascimento,
em seu nome saúdo a todos os acadêmicos presentes. Saúdo os integrantes do Movimento
Cultural Antônio Garcia Filho -MAC, em nome do saudoso José Ferreira Lima
(In Memorian), aqui representado pelos seus familiares. Em especial, a esposa Helena
e a filha Fátima, esposa do meu diretor da CODISE Gibran Ramos Boa Ventura.
Nessa
tarde comemorativa, quero fazer um importante registro, que muito marcou a
minha trajetória no mundo das letras. Há exatamente 30 anos tive a honra de ser
apresentada ao MAC e, também à Academia Sergipana de Letras-ASL.
EM
1994, FUI CONDUZIDA A ESSE LÓCUS DAS LETRAS E DO SABER, PELAS MÃOS DO SENHOR JOSÉ
FERREIRA LIMA, UMA PESSOA ATÉ ENTÃO, QUE NÃO ESTAVA NO MEU CÍRCULO FAMILIAR
E NEM NO ROL DOS AMIGOS. MAS DECERTO, POR SER EU UMA REPRESENTANTE DAS TERRAS
MARUINENSES. CIDADE, QUE MUITO ORGULHA A QUEM BROTA NESSE CHÃO E, QUE GANHOU O
RESPEITO E ADMIRAÇÃO DOS SERGIPANOS.
Tive o privilégio de conhecer o
intelectual José Ferreira Lima e o MAC, no início do ano de 1994. Em uma
noite de Pré-Caju na sua residência, um encontro fortuito em meio a agitação da
cidade, que jamais pensei que seria levada para perto de uma pessoa tão amável
e sensível e de grandes conhecimentos sobre Sergipe. E, ele se destacava também,
entre seus pares por sua verve poética, mente privilegiada e com belíssimas
declamações, que ilustravam os eventos que ele frequentava.
Naquela
noite, estava na casa de uma prima que morava vizinho a Ferreira Lima,
na Av. Beira Mar, quando alguém falou: - “Vamos para aquela casa que tem uma
sacada e dar para a gente ver melhor os blocos passarem".
Lá,
fui apresentada a uma figura singular de pequena estatura com um brilho nos
olhos, que o identificava pelo carisma e pela boa receptividade, principalmente,
porque sabia valorizar as pessoas e, em especial os seus sonhos. Ali diante daquela
fantástica figura humana, que me acolhia, a minha prima Rosa Monteiro (esposa
do primo Edésio) falou: - “Seu Ferreira Lima essa é Lúcia Marques, ela é
do Maruim e acabou de publicar um livro, que fala da história da cidade”. (Ela
se referia ao Inventário Cultural de Maruim recém-publicado, pela Secretaria de
Estado da Cultura).
Essa
foi a senha mágica, para que naquela noite festiva, apesar do barulho dos trios
elétricos e agitações pela Avenida Beira Mar, fosse selado um encontro que
marcaria a vida dessa maruinense e, que vem agora à tona, para um honroso registro,
nessa efeméride dos 40 anos do MAC. A partir daquele encontro com Ferreira
Lima, Lúcia não era mais uma desconhecida na multidão e sim, uma pessoa que
carregava consigo, a felicidade de ter nascido nessa inspiradora cidade.
Em
meio a um cenário inesquecível em dia de Pré-Caju, quando passava em frente ao IATE,
Bel Marques cantava em seu possante carro: (Foi Por Esse Amor...) Assim,
sob o brilho de uma lua cheia que iluminava as águas do Rio Sergipe, Lúcia e Ferreira
Lima iluminavam suas cabeças com um papo memorável. - “Menina você é do
Maruim? Que maravilha!" Os ruídos estridentes não atrapalharam em nada um
diálogo, que fluía brotado da alma, com os mais bonitos sentimentos de amor à
causa cultural.
Durante
a conversa, Ferreira Lima falou: - “Minha filha, quero lhe fazer um
convite para você comparecer ao MAC, que fica na ASL, (espaços culturais até
então desconhecidos para mim). E complementou: -"Lúcia, quando for segunda-feira leve
seu livro de Maruim, pois quero lhe apresentar aos acadêmicos".
Caríssimos
confrades, familiares de Ferreira Lima e visitantes, isso aconteceu há 30 anos
e estou (re) vivendo essa grata emoção. Obrigada aos organizadores, em especial
os confrades Domingos Pascoal e Cris, pelo convite para participar desse evento.
Uma oportunidade ímpar, em poder compartilhar com os senhores, a alegria de ter
sido apresentada à nata da intelectualidade sergipana. Hoje aqui de novo
representando minha amada Maruim e, com muita honra, a Academia Maruinense de Letras
e Artes-AMLA, na condição de presidente.
Depois
do histórico encontro, chequei nessa casa, conforme o combinado, carregando nas
mãos e no coração literalmente, a querida terra que me abriu veredas
impossíveis de mensurar. Em uma sala e sentados em volta de uma grande mesa, na
cabeceira, postava-se o então Presidente da ASL Dr. Antônio Garcia Filho, fundador
do MAC e, por uma feliz coincidência foi também meu professor de Bioquímica na
UFS. Em seguida, obedecendo o dispositivo, Ferreira Lima me apresentou
aos acadêmicos.
Prezados
confrades e visitantes, eu costumo dizer que na vida das pessoas acontecem
fatos, que podem se explicar com a força Divina e, que podem se justificar com
a ajuda das teorias do grande físico Isaac Newton: “Matéria atrai matéria na
razão direta do produto das massas e inversa do quadrado das distâncias”. Logo,
as pessoas não constroem amizades por acaso.
Destarte, o encontro com Ferreira Lima
me conduziu a outro célebre encontro. Foi uma alegria em dobro rever o velho
mestre, na ASL e lembrar de suas preleções na faculdade, no dia a dia da vida
acadêmica. É que o professor Antônio Garcia antes de começar as aulas ele abria
os braços na porta da sala convidando seus alunos para as tradicionais aulas. E
assim ele falava: - “Vem oh! Gentis pardais, matar a sede em minha tumba”. Um dia
tive que chegar mais cedo e ficar bem próximo dele, para entender o significado
da costumeira, que foi frase recolhida em um dos clássicos da Literatura Universal.
São
lembranças magistrais, que marcaram aquela tarde histórica na ASL e, compartilhadas
hoje (16 de setembro de 2024), com os presentes no Auditório José Anderson
Nascimento, em nossa Academia Mãe.
Portanto,
foi por ter conhecido o José Ferreira Lima em 1994, mesmo em dia de Pré-Caju,
que Maria Lúcia Marques, visitou a Academia Sergipana de Letras e o MAC pela
primeira vez e pôde, depois de alguns anos, falar naquela tarde, para o
professor Antônio Garcia, para os acadêmicos e, agora para os presentes, a
mesma frase que marcaria sua trajetória: PROFESSOR E, AGORA PRESIDENTE DA ASL, EU SOU UM DOS PARDAIS QUE A
SUA VOZ ARREBANHAVA DIARIAMENTE, E QUE CONTINUA TENTANDO MATAR A SEDE DO SABER.
PARABÉNS
AO MAC PELOS SEUS 40 ANOS, AOS FUNDADORES E ATUAIS INTEGRANTES, PELA PROFÍCUA EXISTÊNCIA
ILUMINANDO AINDA MAIS, ESSE FAROL QUE É A ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS-ASL
Obrigada
Aracaju,
16 de setembro de 2024
[1] Professora, bióloga, pesquisadora,
mestre em Educação/UFS é Presidente da Academia Maruinense de Letras e
Artes-AMLA.