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sábado, 5 de outubro de 2024

GRATIDÃO A JOSÉ FERREIRA LIMA

 


CENTRO DE ESTUDOS, DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA DA ACADEMIA MARUINENSE DE LETRAS E ARTES - CEDOMA

40 ANOS DO MOVIMENTO CULTURAL ANTÔNIO GARCIA FILHO – MAC/ASL

 

José Ferreira Lima (1918-2015)
Foto/álbum da família

         Por Maria Lúcia Marques Cruz e Silva[1]

 

Caríssimo Confrade e Presidente da Academia Sergipana de Letras, nossa Academia Mãe, Dr. José Anderson Nascimento, em seu nome saúdo a todos os acadêmicos presentes. Saúdo os integrantes do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho -MAC, em nome do saudoso José Ferreira Lima (In Memorian), aqui representado pelos seus familiares. Em especial, a esposa Helena e a filha Fátima, esposa do meu diretor da CODISE Gibran Ramos Boa Ventura.                

Nessa tarde comemorativa, quero fazer um importante registro, que muito marcou a minha trajetória no mundo das letras. Há exatamente 30 anos tive a honra de ser apresentada ao MAC e, também à Academia Sergipana de Letras-ASL.

EM 1994, FUI CONDUZIDA A ESSE LÓCUS DAS LETRAS E DO SABER, PELAS MÃOS DO SENHOR JOSÉ FERREIRA LIMA, UMA PESSOA ATÉ ENTÃO, QUE NÃO ESTAVA NO MEU CÍRCULO FAMILIAR E NEM NO ROL DOS AMIGOS. MAS DECERTO, POR SER EU UMA REPRESENTANTE DAS TERRAS MARUINENSES. CIDADE, QUE MUITO ORGULHA A QUEM BROTA NESSE CHÃO E, QUE GANHOU O RESPEITO E ADMIRAÇÃO DOS SERGIPANOS.

            Tive o privilégio de conhecer o intelectual José Ferreira Lima e o MAC, no início do ano de 1994. Em uma noite de Pré-Caju na sua residência, um encontro fortuito em meio a agitação da cidade, que jamais pensei que seria levada para perto de uma pessoa tão amável e sensível e de grandes conhecimentos sobre Sergipe. E, ele se destacava também, entre seus pares por sua verve poética, mente privilegiada e com belíssimas declamações, que ilustravam os eventos que ele frequentava.

Naquela noite, estava na casa de uma prima que morava vizinho a Ferreira Lima, na Av. Beira Mar, quando alguém falou: - “Vamos para aquela casa que tem uma sacada e dar para a gente ver melhor os blocos passarem".

Lá, fui apresentada a uma figura singular de pequena estatura com um brilho nos olhos, que o identificava pelo carisma e pela boa receptividade, principalmente, porque sabia valorizar as pessoas e, em especial os seus sonhos. Ali diante daquela fantástica figura humana, que me acolhia, a minha prima Rosa Monteiro (esposa do primo Edésio) falou: - “Seu Ferreira Lima essa é Lúcia Marques, ela é do Maruim e acabou de publicar um livro, que fala da história da cidade”. (Ela se referia ao Inventário Cultural de Maruim recém-publicado, pela Secretaria de Estado da Cultura).

Essa foi a senha mágica, para que naquela noite festiva, apesar do barulho dos trios elétricos e agitações pela Avenida Beira Mar, fosse selado um encontro que marcaria a vida dessa maruinense e, que vem agora à tona, para um honroso registro, nessa efeméride dos 40 anos do MAC. A partir daquele encontro com Ferreira Lima, Lúcia não era mais uma desconhecida na multidão e sim, uma pessoa que carregava consigo, a felicidade de ter nascido nessa inspiradora cidade.

Em meio a um cenário inesquecível em dia de Pré-Caju, quando passava em frente ao IATE, Bel Marques cantava em seu possante carro: (Foi Por Esse Amor...) Assim, sob o brilho de uma lua cheia que iluminava as águas do Rio Sergipe, Lúcia e Ferreira Lima iluminavam suas cabeças com um papo memorável. - “Menina você é do Maruim? Que maravilha!" Os ruídos estridentes não atrapalharam em nada um diálogo, que fluía brotado da alma, com os mais bonitos sentimentos de amor à causa cultural.

Durante a conversa, Ferreira Lima falou: - “Minha filha, quero lhe fazer um convite para você comparecer ao MAC, que fica na ASL, (espaços culturais até então desconhecidos para mim). E complementou:  -"Lúcia, quando for segunda-feira leve seu livro de Maruim, pois quero lhe apresentar aos acadêmicos".

Caríssimos confrades, familiares de Ferreira Lima e visitantes, isso aconteceu há 30 anos e estou (re) vivendo essa grata emoção. Obrigada aos organizadores, em especial os confrades Domingos Pascoal e Cris, pelo convite para participar desse evento. Uma oportunidade ímpar, em poder compartilhar com os senhores, a alegria de ter sido apresentada à nata da intelectualidade sergipana. Hoje aqui de novo representando minha amada Maruim e, com muita honra, a Academia Maruinense de Letras e Artes-AMLA, na condição de presidente.

Depois do histórico encontro, chequei nessa casa, conforme o combinado, carregando nas mãos e no coração literalmente, a querida terra que me abriu veredas impossíveis de mensurar. Em uma sala e sentados em volta de uma grande mesa, na cabeceira, postava-se o então Presidente da ASL Dr. Antônio Garcia Filho, fundador do MAC e, por uma feliz coincidência foi também meu professor de Bioquímica na UFS. Em seguida, obedecendo o dispositivo, Ferreira Lima me apresentou aos acadêmicos.

Prezados confrades e visitantes, eu costumo dizer que na vida das pessoas acontecem fatos, que podem se explicar com a força Divina e, que podem se justificar com a ajuda das teorias do grande físico Isaac Newton: “Matéria atrai matéria na razão direta do produto das massas e inversa do quadrado das distâncias”. Logo, as pessoas não constroem amizades por acaso.

Destarte, o encontro com Ferreira Lima me conduziu a outro célebre encontro. Foi uma alegria em dobro rever o velho mestre, na ASL e lembrar de suas preleções na faculdade, no dia a dia da vida acadêmica. É que o professor Antônio Garcia antes de começar as aulas ele abria os braços na porta da sala convidando seus alunos para as tradicionais aulas. E assim ele falava: - “Vem oh! Gentis pardais, matar a sede em minha tumba”. Um dia tive que chegar mais cedo e ficar bem próximo dele, para entender o significado da costumeira, que foi frase recolhida em um dos clássicos da Literatura Universal.

São lembranças magistrais, que marcaram aquela tarde histórica na ASL e, compartilhadas hoje (16 de setembro de 2024), com os presentes no Auditório José Anderson Nascimento, em nossa Academia Mãe.

Portanto, foi por ter conhecido o José Ferreira Lima em 1994, mesmo em dia de Pré-Caju, que Maria Lúcia Marques, visitou a Academia Sergipana de Letras e o MAC pela primeira vez e pôde, depois de alguns anos, falar naquela tarde, para o professor Antônio Garcia, para os acadêmicos e, agora para os presentes, a mesma frase que marcaria sua trajetória: PROFESSOR E, AGORA  PRESIDENTE DA ASL, EU SOU UM DOS PARDAIS QUE A SUA VOZ ARREBANHAVA DIARIAMENTE, E QUE CONTINUA TENTANDO MATAR A SEDE DO SABER.

PARABÉNS AO MAC PELOS SEUS 40 ANOS, AOS FUNDADORES E ATUAIS INTEGRANTES, PELA PROFÍCUA EXISTÊNCIA ILUMINANDO AINDA MAIS, ESSE FAROL QUE É A ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS-ASL 

 

                                                            Obrigada

 

Aracaju, 16 de setembro de 2024



[1] Professora, bióloga, pesquisadora, mestre em Educação/UFS é Presidente da Academia Maruinense de Letras e Artes-AMLA.