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sábado, 10 de março de 2018

E agora, Estou nas Nuvens, de Flora Liz



Sandra Natividade


A autora dona de estilo diverso, nessa obra sob o heterônimo Flora Liz, Ailezz, Zélia Rocha mostra-se fulgurante escrevendo sobre sentimentos diria que às vezes um tanto sutilmente irônicos, quentes, agudos mesmo. A lépida propriaense dignifica a região do Baixo São Francisco. Depois de construir um império particular, ou seja, uma rica prole composta por catorze filhos, ainda teve tempo para as artes plásticas e escultura com incursões marcadas na capital de seu estado, Aracaju, e nas capitais de Salvador e Rio de Janeiro, participando de exposições individuais e coletivas.

 A produção variada faz o leitor parar e sorrir fato que aconteceu comigo a exemplo de “Lembrando a Senzala”, o conto delineia com riqueza de detalhes os apuros de um patrão conquistador desavergonhado e as proezas de Maria uma ingênua menina que se tornou serviçal do lar do casal, para se safar do assédio do inveterado sedutor. A picardia dos contos aponta uma sociedade construída pretensamente por homens, mas nesse trajeto surge a figura feminina determinada que desconstrói preconceitos partilhando juntos, harmônicos respeitando-se uns aos outros, essa, é minha ótica final dos dezoito contos de Flora Liz. 

   Na literatura a longeva ex-aluna do Colégio Nossa Senhora das Graças, fez escola contabilizando avantajada produção: são onze livros publicados informando virem outros a prelo, nesse trajeto de fiel escriba Liz me faz lembrar o maior nome da literatura brasileira, Joaquim Maria Machado de Assis, responsável por fundar a Academia Brasileira de Letras, com a frase que ecoa: “Não é mau este costume de escrever o que se pensa e o que se vê, e dizer isso mesmo quando não se vê nem pensa nada.” O escritor tem esse desafio, o certo se desnuda em incerto e nessa ótica, a vida de todos e de cada um dos atores que encenam, pode ou não continuar seu curso normal.

Sandra Natividade - Membro ASI, ALV e ALA.