(1884-1971) |
Deixei o Colégio Frei José Santa Cecília no segundo ano primário, por motivo de mudança. Muitos anos mais tarde, já moça, fui reencontrá-la em Santo Amaro das Brotas, novamente professora pública, incentivando o gosto pela literatura, transformando garotas do interior em artistas dramáticas e cômicas nos salões do Grupo Escolar “Dr. Esperidião Monteiro”. Aposentada voltou para Aracaju e por duas vezes fomos quase vizinhas. Visitei-a sempre, na sua casa da Rua Laranjeiras, onde lecionava piano e, posteriormente, na Rua Arauá. (Cofre de lembranças da pesquisadora).
D. Carlota publicou um livro sob o título de Colmeia de Rosas. Da sua autoria transcrevo o soneto
PAISAGEM
A tarde vai morrendo. O sol fulgente
Num rosicler divino, vai findando.
Grata paisagem se descortinando
Vinha enlear um vale viridente.
O mar, lindo, beijava docemente
A nívia praia num murmúrio brando.
Ao longe, em bando, as aves revoando,
Regressavam num gorjear dolente.
À flor de um lago um barco deslizava.
Remando, um novel pescador cantava
Canções saudosas, cheias de magia.
E enquanto o véu da noite ia descendo,
Da ermida o sino lento ia tangendo
Pela extrema do vale – Ave Maria.
(Armindo Guaraná – Dicionário Biobibliográfico Sergipano)
ORAÇÃO
Excelso Deus, Senhor Onipotente
Deste universo, poderoso e forte,
Eu te suplico fervorosamente,
Compadece-te, ó pai, da minha sorte!
Faze, Senhor, que eu possa, até a morte
Obedecer-te sempre fielmente;
Encaminha-me, pois, pelo teu norte,
Ó, Tu que és meu refúgio permanente!
Tu bem sabes quão fraca é a humanidade
E já que és o Caminho e és a Verdade,
Dá-me a graça da tua proteção.
Desvia-me do mal e do perigo;
Sê neste mundo o meu maior amigo,
Durante a minha peregrinação.
(Do álbum da pesquisadora, cópia do original oferecido pela autora em 1957.)
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Do livro “A Mulher na História” de Maria Lígia Madureira Pina.