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domingo, 16 de julho de 2023

Par Sua Faca Afiada Tem Couro Minha Bainha

Yvone e Alaíde / professora e ex-aluna

 

Yvone Mendonça de Sousa

    Quem vê e conhece Alaíde Souza Costa, aquela figura humana singular, de sorriso franco, pequena em estatura e grande e imensa na inteligência e no coração sente por ela um profundo encantamento. Esse halo de simpatia cresce quando estudamos e lemos seus livros de cordel. Nascida em Goiânia- Goiás, reside em Aracaju há 60 anos. Integrou-se a essa cidade que lhe recebeu com carinho. Nela dissemina sua cultura, seu amor e sua primorosa obra como escritora de Cordel. Não é por acaso conterrânea de Cora Carolina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que foi poetisa e contista brasileira considerada uma das mais importantes escritoras do nosso país.

    Assim, Alaíde Souza Costa é um presente régio que Goiás ofereceu a nosso querido Sergipe. Aqui estudou, construiu sua brilhante carreira de educadora vocacionada e, por outra vertente, de escritora cordelista consumada e admirada. E, tudo começou quando, ainda adolescente passeava no Mercado de Aracaju e “ouvia os violeiros cantadores, trovadores e repentistas, fazendo cantorias.” Sua paixão pela literatura de cordel a fez estudá-la com afinco, aprofundá-la, e enfim, transformar-se em um de seus expoentes no Estado de Sergipe e no Brasil. Cria e desenvolve projetos que divulga e valoriza essa rica literatura de forma apaixonante. 

   A Literatura de Cordel no Brasil veio com os colonizadores, instalando-se na Bahia, mais precisamente em Salvador, que, à época era a Capital brasileira. Segundo informações, estudos apontam 1893 como o marco da Literatura de Cordel e mostra o paraibano Leandro Gomes de Barros como primeiro cordelista a publicar os versos no País. Essa importante literatura foi originada em Portugal pelos trovadores medievais que nos séculos XII e XIV cantavam poemas, espalhando histórias para a população. 

   Grande mestra e cordelista do cenário cultural Sergipano, Alaíde Souza Costa, Goiana de nascimento e Sergipana de coração, exerce com inspiração e acendrado espírito de protesto, indiscutível competência e beleza sua sublime vocação. Usa sua inteligência e engajamento social para discutir as relevantes questões da atual sociedade brasileira entre as quais, a defesa veemente da mulher, o combate ao machismo mórbido, o direito à educação como forma libertadora, ao responder em sua obra, com segurança e autoridade, ao homem retrógrado que, “Par Sua Faca Afiada Tem Couro Minha Bainha. ”

 Yvone Mendonça de Sousa - Membro fundadora da Academia Literária de Vida, sente um profundo orgulho em tê-la como ex- aluna.