No último domingo, (9) a nossa confreira Yvone Mendonça de Sousa foi homenageada pelo grupo acadêmico Sarau Sergipano de Mulheres - SSM, sob a presidência de Maria Eunice Guimarães (que também pertence a Academia Literária de Vida) e com a eficiente assessoria da vice-presidente Marisa Marques.
Para nossa alegria Edvânia Silva Santos (Vânia Silva), membro do SSM, compositora, cantora, tocou violão, cantou, vezes acompanhada por Carol Rodrigues declamando, ambas encantaram os presentes.
Yvone Mendonça recebendo orquídeas,
das mãos da presidente do Sarau e da presidente da Academia.
Uma placa registrando a data
festiva proporcionada pelo SSM.
A neta de Anabi Jesus (também da Academia Brasil-Suiça) declamando e encantando! Segue os passos da avó.
Anabi Jesus, ex- aluna da homenageada
Para concluir,
a bela tarde, o sol já se pondo, foi a vez da professora falar:
“Minhas queridas,
Participar
desta solene, alegre e importante tarde do Sarau Sergipano de Mulheres
quando já se aproxima o crepúsculo vespertino plenifica meu coração e minha
alma pela beleza do seu objetivo e da grandeza do seu significado para o
momento presente e para o olhar da história nos seus meandros, no seu passado
e, sobretudo, no presente, presente que é traduzido com uma palavra de grande
significado semântico: VITÓRIA. Sim, porque cada membro aqui presente constitui
um baluarte de disseminação dos valores culturais da nossa terra e da nossa
gente.
Este momento se torna exponencial porque é de uma plêiade de mulheres
que levanta a bandeira da intelectualidade e do saber para protagonizar
momentos de excelência cultural, valorização da mulher e exposição do saber.
Sinto-me particularmente
lisonjeada pela homenagem que o Sarau Sergipano de Mulher neste momento
mágico e tão especial me outorga e que gratifica sobremaneira meu coração.
Sobretudo, porque advém de um seleto grupo de mulheres inteligentes, guerreiras
e batalhadoras cuja filosofia precípua é a de abrir horizontes para celebrar a
vida, a arte, o amor à poesia e aos valores culturais da nossa terra.
É notório para todas nós que a mulher enfrentou na esteira da história
imensos percalços para atingir o atual clímax de libertação cultural e social.
Basta que façamos uma rápida e sucinta retrospectiva cronológica e histórica.
Nos tempos abraâmicos a mulher era vista apenas nas funções de
reprodutora e cuidadora. Inexistia a capacidade de escolha.
Com a evolução e não com poucas
lutas deu-se a busca da representatividade da mulher na sociedade. O
envolvimento da mulher em todas as esferas da vida social, econômica e
cultural, foi essencial para a riqueza de perspectivas e inovações. Surgiu,
assim, o protagonismo feminino. E eu afirmo baseada em dados históricos que as
mulheres quando são protagonistas nas esferas da vida social, econômica e
cultural promovem importantes mutações e inovações. Exemplo concreto e
pragmático é indubitavelmente a existência e brilhante atuação deste movimento
vitorioso e dinâmico de Sergipe que se intitula – Sarau Sergipano de
Mulheres para o qual eu peço todos os aplausos.
Gostaria de trazer à baila, neste momento, os nomes de algumas mulheres
que fizeram história nos diversificados campos do saber, da política, do
humanismo e filantropismo.
-Margarete Thatcher, uma das figuras mais influentes do século
XX ocupou o cargo de Primeira Ministra do Reino Unido em 1979 a 1990. Uma das
mulheres mais influentes da política britânica e mundial. Por suas convicções e
defesa intransigente recebeu o título de Dama de Ferro.
- Indira Gandhi foi a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe
do governo Indiano sendo a Primeira Ministra da Índia (1917 a 1984). Foi a
iniciadora do programa nuclear indiano. Convém frisar que apesar do sobrenome
Gandhi do seu marido, não tinha nenhum laço de parentesco com o filósofo
Mahatma Gandhi.
- Ângela Merkel nascida em Hamburgo (Alemanha) em julho de 1954.
É uma política alemã que serviu como chanceler da Alemanha de 2015 a 2021. Foi
líder do partido Centro Direita da União Democrática Alemã de 2000 a 2018. Foi
a mais longeva chefe de Estado do país depois de Otto Von Bismark.
Não poderia deixar de citar uma
figura carismática, respeitada pela sua doçura e reverenciada por todos os
quadrantes do nosso Brasil e do mundo, destacando-se por suas obras sociais e
filantrópicas: a freira católica Irmã Dulce, nascida na Bahia em 26 de
maio de 1914. Sua existência foi um exemplo de renúncia, dedicação aos pobres,
humilhados e ofendidos da sociedade. Iniciou sua vida religiosa em São
Cristóvão/Se. E, na Bahia, fundou a Primeira Organização Operária São
Francisco. No dia 18 de outubro de 2019, 27 anos após sua morte foi canonizada
pela Igreja Católica e proclamada Santa Dulce dos Pobres, a primeira Santa
Brasileira nata. Na Umbanda, irmã Dulce é um símbolo de fé, de amor para com os
irmãos. E, para todos nós que vivemos dias extremamente conturbados, uma lição
de generosidade a ser seguida.
Queridas mulheres do Sarau, nesta atmosfera de louvação a tantas
mulheres inteligentes, operosas, estudiosas e cultas que aqui se encontram,
quero citar uma grande mulher que emoldura e enriquece nossas raízes culturais
pelo legado riquíssimo que transmitiu para nós: a prof.ª Maria Lígia
Madureira Pina que neste ano completa seu centenário de nascimento. Talento
poliforme e respeitável trajetória cultural fundou a Primeira Academia
Literária feminina no Estado de Sergipe, a Academia Literária de Vida,
hoje uma força motriz no cenário da cultura sergipana.
Prezadas confreiras, permitam-me que eu assim as considere pela
similitude das nossas ideias e princípios culturais – saibam da minha profissão
de fé, alegria e felicidade por este banquete cultural do qual participo e
recebo expressiva homenagem que tanto gratifica meu coração e desvanece minha
alma, deste importante movimento cultural já consagrado em terras sergipanas –
Sarau das Mulheres Sergipanas. E para registrar minha felicidade neste momento
sublime, eu quero fazer minhas as palavras de Cecília Meireles.
Motivo
Eu canto
porque o instante existe
E a minha vida
está completa
Não sou alegre
nem sou triste
Sou poeta
Irmã das
coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias no vento
Se desmorono
ou se edifico
Se permaneço
ou se desfaço
Não sei, não
sei. Não sei se fico ou passo.
Sei que canto.
E a canção é tudo,
Tem sangue
eterno e asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo
Mais nada.
Lembro ainda neste momento o poema Esperança de Vicente de Carvalho que
também fala sobre a felicidade:
“Esta felicidade que supomos, árvore milagrosa que sonhamos toda
arreada de dourados pomos existe sim: mas nós não a alcançamos porque está sempre
apenas onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos”.
Eu quero assegurar que a
felicidade está aqui, agora, comigo, neste momento que ficará indelével quando
o Sarau me outorga esta expressiva homenagem. “
Yvone Mendonça de Sousa
Aracaju/SE, 09 de fevereiro de
2025.
_____EDIÇÃO: Shirley Rocha