Translate

sábado, 7 de julho de 2012

O Homem e o Pássaro

                      

Maria da Conceição Ouro Reis


           Não devemos lamentar o não ter asas. Do XIV BIS ao supersônico, do balão ao ultraleve, o homem encontrou um meio de físicamente galgar as alturas, subir ao infinito. E as cápsulas espaciais? E os foguetes em órbita ? E a chegada à lua ? Enfim, não há motivo para lamentações. Passamos pelas nuvens, vimos a terra lá longe e mergulhamos nesse azul tão puro e doce que parece inacessível.
         Antigamente, dizia o Homem: “ Que bom ser pássaro, subir, subir, voar e alcançar grandes alturas: fugir voando de toda a dor e de todo o tormento": porém, a ciência, a evolução, o progresso, mostraram que também podemos voar; então, o desejo foi satisfeito. Entretanto, está escrito nas estrelas e registrado nos anais da eternidade, um acontecimento secular do encontro do homem com o pássaro.

         Não me lembro bem em qual galáxia ocorreu esse encontro que passo a narrar:
        A escuridão do espaço sideral como sempre, era incomensurável; no entanto, dois vultos distintos, providos de luz interior, se encontraram: um pássaro e um homem. O pássaro estava inerte ( parado) e o homem estava  inerme ( sem armas)... Era o momento exato para se entenderem.

         ... E começaram as queixas a serem feitas e sempre em pauta a supremacia que um via no outro.
         A penugem do pássaro era o motivo de inveja, pois o protegia do frio e o tamanho do homem, por sua vez, era o símbolo de força e poder. O homem falava. O pássaro cantava. Ah! Agora me lembro! Foi em uma estação espacial que se deu o aludido encontro.
         O homem sofria,  pois o atraso do foguete que o levaria a outros mundos era o seu único meio de locomoção.

         O pássaro zombava, pois viera voando de uma estrela.

         De repente, um clarão se fez e algo parecendo com um raio destruiu a nave que conduziria o homem.
         Estava morta a esperança do retorno desejado e ele se sentiu ínfimo e achou que o pássaro era um gigante.
         E eis que olhando mais atentamente, junto ao pássaro, viu um montículo de penas; aproximou-se... Eram as asas quebradas e o homem chorou. Chorou porque sentiu que asas não representam nada: agora o pássaro ficaria parado eternamente, enquanto ele possuía o PENSAMENTO que o levaria do passado ao futuro.

       E como por milagre, uma nuvem macia passou lentamente; o homem destacou-lhe um pedacinho e acomodou o pássaro sem asas.
       Dizem que com a força do pensamento, até hoje, o homem conseguiu perenizar o vôo daquele pássaro.
        E o HOMEM?