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domingo, 16 de junho de 2013

Quatro Paredes - Uma lição de vida


Entre Quatro Paredes se passa muita coisa... Talvez Ana Alice e Graça tenham buscado neste espaço imaginário reunir suas lembranças e emoções vividas, e juntas, encheram estas páginas de experiências, e por que não dizer? Saudade. Ambas têm saudades, têm prazer de relembrar lugares, fatos e pessoas que também, se reúnem em volta disso tudo.
É bom ter um pai que deixou boas recordações, bons ensinamentos e exemplos. Uma mãe dedicada que ainda hoje é uma fortaleza em torno dos filhos... Acho que daí veio a têmpera, a boa índole dessas irmãs. Tiveram uma estrutura familiar espetacular. E com a vida que levaram entre a Praça da Matriz, sobrado, fazenda, agência do Banco do Brasil, festa da cabacinha, circo, carrossel do Tobias – não poderia ser diferente!
Os atropelos da vida, os Encontros e Desencontros são ultrapassados com otimismo e fé. O gosto pela poesia, a leitura e a música nasceram no convívio da família. Daí, a publicação de livros em conjunto, mais uma demonstração de união, fazendo com que o brilho de uma, seja refletido na outra. Quem brilha mais? Nenhuma. São duas escritoras de brilho e estilo próprios; emotivas, francas, sem rebuscamentos, até certo ponto, ingênuas. Pois é. Escrevem como se estivessem sentadas numa varanda, como fazia seu pai, ou contando um conto de fadas, como sua tia. Aprendem com as boas leituras que já fizeram, por isso as citações entre os seus textos. Trazem-nas como se fossem coadjuvantes das suas verdades. Parecem lembrar seu pai: ”- Antigamente meu avô dizia que era assim... ou sua tia: “- era uma vez...”. E elas vão falando, falando, ou melhor, escrevendo, escrevendo...
Leiam, amigos. Compreendam a idéia da Ana e da Graça. Elas querem ensinar que, a união da família ajuda-nos a enfrentar os baques da vida. Que o amor ainda é a melhor fonte de prazer, de solidariedade, de fraternidade. Que a família é o tronco que sustenta, dá apoio e abrigo. Sem dúvida, para mim, de Ana Alice o capítulo A Primavera é o mais bonito, interessante, emotivo. O Verão já nos coloca ante a crua realidade, a verdade da vida já se faz sentir para ela e trazendo com os acontecimentos mais importantes para o casal, a maturidade. O Outono talvez seja o de maior experiência, tanto positiva quanto negativa. Mas, é no Inverno, quando se consolida o aprendizado que só o passar dos anos nos dá, que vêm as palavras de incentivo, de ajuda, de aconselhamento.
Não é o frio que nos abate neste Inverno, a caminho da velhice – é sim a impossibilidade – de desfazer o mal que nos circunda; as pessoas de má índole que nos cercam sem ter compaixão; a falta de amor pela verdade ou qualquer virtude.
Quanto Ana lamenta tudo isso! O que sofreu injustamente, pela incompreensão ou falta de boa-vontade das pessoas, em acompanhar seu drama junto ao marido! Foram mais de onze anos de muita luta, ao lado de um homem inerte numa cama, o mesmo que ela conheceu bonito, perfeito, vigoroso. Contudo, durante o tempo que passou na cama teve o cuidado diuturnamente – dela. Ao lado dos médicos e das enfermeiras ela regia a sua própria esperança. Só isso, já nos mostra o quanto foi preciso de fé, paciência e acima de tudo de amor, da Ana Alice. Mas ela está feliz, pois tem dentro da própria família a luz que precisa, o companheirismo que honra e o carinho que dá muita felicidade. - Você tem realmente um Colar Precioso, uma Tríade magnífica. Bem aventurada seja você, Ana Alice.
De Graça, uma romântica, singular até nos títulos de suas crônicas, a gente sente e pode dizer que ela tem uma alma muito sensível, fraterna, caridosa. Tem como a irmã sua auto-estima fortalecida, sabe que não adianta se entregar às intempéries. Jamais. Assim vai reconhecendo os Anjos na Terra, escalando as Torres do Silêncio, comemorando cada Renascer... Traz consigo a certeza dos erros e acertos, como todo ser humano. Sabe como glorificar o que Deus lhe proporcionou e jamais cedeu ante o impossível, contra os princípios de sua religião. Soube dar o basta em muita coisa. Restam ainda histórias para contar... E certamente elas virão... ou ficarão guardadas para a filha e netos contarem?  “Retratos da Vida” diz Graça das suas lembranças. Talvez queira neste “álbum” expor seu passado, presente... mas, não conseguiu de todo. Tem receio de magoar. De tocar em feridas que deixaram marcas profundas. A metáfora é um refúgio digno. E isso ela usa de forma magnífica!
De parabéns estão as duas irmãs – escritoras – poetas. Que sirvam de exemplo para outras pessoas que têm uma história de vida, trazendo luzes para a nossa memória cultural. – Quanta gente que fez parte da história do Estado que aqui foi citada e que ninguém sabia dos fatos relatados? Assim, vamos montando os “retratos da vida” para o futuro. Eu li a pedido de Ana Alice o livro antes da impressão. Pediu-me opinião, queria ter certeza de que estava a altura para uma publicação e lançamento antes do Natal. Li o livro com “sede”, admirei seu conteúdo e não encontrei nada que o deixasse aquém de muitos outros bons livros que já li. Daí os três membros da Academia Sergipana de Letras comprovando com opiniões.
Boa leitura.
Shirley Maria Santana Rocha
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Publicado na abertura do livro “Quatro Paredes – uma lição de vida”, de Ana Alice Mendonça Curvêllo e Graça Mendonça Conrado.