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terça-feira, 11 de setembro de 2018

RETRATO DE MARIETA

Marieta Teles de Menezes
    Nos 98 anos da tua bela vida, o tempo deixou marcas indeléveis... Foste uma valorosa guerreira. Travaste lutas renhidas e venceste todas as batalhas com o elmo da coragem e a espada da fé. Cedo perdeste teus pais e tiveste de trabalhar para garantir a própria subsistência e a dos teus irmãos. E foste heroica na tua missão! Nada lhes deixaste faltar: do alimento à instrução. Depois vieram os sobrinhos: os filhos do coração que educaste com brandura e eterno amor.
    Eras elegante; gostavas de vestir-te com apuro e bom gosto para aas missas solenes das nove horas do Domingo na nossa bela Catedral. E no retorno visitavas as amigas que moravam naquele itinerário. Estavas sempre alegre, sorridente e como ensina a Bíblia Sagrada. Professora sábia conselheira e amiga tinhas o santo orgulho de nunca haver auferido uma nota zero. E os alunos reconhecidos te respeitavam e amavam. Amiga leal, sincera, bondosa, tinhas palavras de carinho, de conforto ou ajuda financeira para quantos de te se acercavam. E tudo sem alarde, do fundo da alma, do coração.
    Pioneira em viagens ao Velho Mundo, conheceste a França, Itália, Suíça, Portugal. E lá em tão pouco tempo fizeste amizades e encontraste Pierre, o amor da tua vida, a que renunciaste pelo bem do amor maior – o da família.
    Romancista, poetisa, não publicaste os teus belos livros. Ninguém te ajudou a publicá-los. Artista das cores, do pincel, tens inúmeras telas ornamentando as casas dos irmãos e das amigas e outras tantas inacabadas... Vieram depois os dissabores. Vários e cruéis... a perda da visão, da audição, da locomoção. Mesmo assim, nunca deste margem ao desespero. A fé em Deus, tudo por Jesus e Maria te tornou uma fortaleza espiritual. Viste os irmãos partirem, um a um: Zeca, Domingos, Lourdes, Carlos, Heribaldo, América, Silvio, Zefinha. Mesmo sofrendo tudo aceitaste resignadamente.
    Noventa e oito anos completaste, a 17 de setembro, deste ano de 1998, Lúcida ainda, mas sem os órgãos dos sentidos, vives uma vida introspectiva, como caramujo recluso dentro da concha. A concha é a irmã Anália, em quem confias e vives apegada. Por tudo isso MARIETA és uma santa, um exemplo de vida. Por tudo isso, por toda boa influência que de ti recebi eu te amo. Mulher forte, como as santas mulheres da Bíblia podes dizer mais do que Jó: tudo que o Senhor me deu, tudo Ele me tirou. Louvado seja o Senhor.
Para a grande amiga e grande mulher, Marieta Teles de Menezes.
Maria Lígia Madureira Pina
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Marieta Teles de Menezes é a Patrona da cadeira n. 01 da Academia Literária de Vida. Maria Lígia Madureira Pina foi a acadêmica fundadora da cadeira que hoje pertence a acadêmica Jane Alves Nascimento Moreira de Oliveira.