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quarta-feira, 1 de maio de 2019

Dois Guerreiros

                   

     Dia primeiro de maio. A data marca a morte do piloto Airton Senna (1994) e da artista plástica Rosa Faria (1997). Dois guerreiros, dois fervorosos amantes da terra brasileira. Ele usava o volante e a coragem para enfrentar nas pistas, em velocidade, a disputa pelo primeiro lugar e em busca de títulos que colocassem o nome do Brasil no pódio, internacionalmente. Ela usava o pincel, as tintas e um forno para imprimir a história da sua terra, querendo informar, enaltecer, homenagear. Ele recebia aplausos, ganhava fortunas, viva entre prazeres. Ela sacrificava o pouco que ganhava para manter sua criação, preservando para a História. Ele erguia a Bandeira Brasileira com alegria, com entusiasmo em cada vitória conseguida. Ela batalhou para consertar a bandeira sergipana, e dava explicações, baseada em documentos, de que teria sido confeccionada de forma errada. “Trocaram âncoras por estrelas”, dizia ela. Ele deixou título de Campeão do Mundo, fundou instituições que se dedica ao desenvolvimento de crianças e de adolescentes por meio da educação. Seu nome é um orgulho para os brasileiros. Ela deixou a história gravada em peças de azulejos, de porcelanas, em quadros e documentos. Deixou livros, grafados em letras góticas, as mais difíceis de fazer manipulando um pincel. Ela queria que todas as crianças tivessem acesso e conhecessem a história, os vultos importantes e zelassem igualmente pelo nome de Sergipe, do Brasil. Mas, ela também tem sua instituição, ao abrigo do Memorial de Sergipe, pertencente à Universidade Tiradentes. Hoje os jovens daqui e de outras partes do país que visitam o Memorial a reverenciam.

              
 
     Ele morreu jovem, acreditando que mais alto chegaria e saiu de uma curva para o céu. Certa vez, numa corrida deixou o colega passar à sua frente para comemorar a primeira vitória (ele já possuía tantas!). Foi aplaudido de pé por todos do autódromo. Deixou a lembrança e a lição de como age um grande homem. Ela aos 80, completados dia 28 de abril, três dias antes, sentia suas forças indo ante o descaso daqueles que poderiam ajudar, e nada faziam. Uma dor muito forte na cabeça a levou para junto de Deus que diante de sua irreverência pode ter dito: “Você só não gravou meu retrato. E eu não sou importante?” ao que ela responderia “Pelo menos, do Senhor, não tenho mágoas...” Ela deixou também sua lição - foi uma grande mulher que plantou, cultivou, contribuindo para que gerações futuras colham os frutos e aí sim, seja lembrada com muito orgulho. Um abraço Rosa, onde quer que você esteja - certamente “segurando o terço e seu pincel” – como queria. Aqui boa gente zela por sua obra. Um abraço Airton e continue levantando nossa bandeira e ajudando aos que seguem sua missão!
Shirley Rocha
Jornalista e Presidente da Academia Literária de Vida - fundada pela professora e escritora Maria Lígia Madureira Pina, em 1992.