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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

LIGIA PINA - foi uma pioneira

Estando para completar vinte e sete anos, a Academia Literária de Vida vem saudar todos àqueles que deram às mãos e incentivaram a criação de outras academias literárias por todo Estado de Sergipe.

     No editorial do nosso primeiro Jornal da Academia Literária de Vida (agosto de 1997), Maria Lígia escreveu: “A idéia surgiu há muitos anos... Talvez uns vinte anos atrás. Transformou-se num sonho que eu acalentava como quem acalenta o sonho de gerar um filho. Lancei várias sementes, mas o terreno ainda não estava preparado. Cada pessoa convidada afagava a idéia mas logo, a deixava cair entre pedregulhos. É que todas trabalhávamos muito e os domingos eram dedicados à família e ao lazer. Por fim, veio a aposentadoria para algumas das contratadas e relancei a semente. O terreno estava adubado. Todas as convidadas aplaudiram e aceitaram a ideia.”


Como se vê, só depois de sua aposentadoria e de outras colegas do Colégio de Aplicação em 1991 foi possível ir fortalecendo a proposta. Sonho que se concretizou em 20 de dezembro de 1992, com o nome de “Hora Literária”. Estavam presente conforme a primeira ata: Leyda Regis, Maria da Conceição Ouro Reis, Cléa Brandão, Yvone Mendonça de Souza e Shirley Rocha. Logo chegou Maria Hermínia Caldas. Todas eram professoras e eu jornalista. As reuniões se sucederam a cada final de mês, tendo como objetivo congregar amantes das letras e das artes, debater obras literárias, seus autores, inclusive os trabalhos literários das próprias. Finalmente adotamos o nome de Academia Literária. Quando estávamos para criar e registrar o estatuto, a professora Conceição Ouro voltava de uma séria cirurgia no coração, e quando nos reuníamos em oração agradecendo pelo seu restabelecimento, ela sugeriu que a Academia passasse a se chamar Academia Literária de Vida (ALV) e explicou o motivo. E diante de suas palavras, sugerindo tanta alegria de viver e da grandiosidade de fé, aprovamos a indicação com louvor.

Nossas reuniões são encontros de amigas cada uma com sua religião, seu conceito político, que não interfere na troca de idéias sobre inúmeros temas, sem discriminação ou demagogia, sempre de forma clara e objetiva. Existem críticas, e daí surgem diversos temas, fugimos para o particular, passamos pela educação, professores, escolas, sociedade, voltamos séculos atrás, mas ao final sentimos que estamos fazendo alguma coisa que além de nos enlevar o coração, a alma, vem deixando bons frutos. Todo nosso trabalho está registrado em atas e fotos. Todos documentos, textos manuscritos, xerocados e impressos das acadêmicas estão arquivados - são diferentes nas formas apresentadas, mas ao mesmo tempo, símbolos de uma comunhão bem feita e prodigiosa. Aos poucos foram chegando outras: Maria Luísa Prado, Ângela Margarida Torres de Araujo, Adelcy Figueiredo dos Santos e Josefina Cardoso Braz. Mais tarde conquistamos Marlaine Lopes de Almeida, Raylane Andreza Dias Navarro Barreto e Sandra Maria Natividade. 
PERDAS
Com o tempo infelizmente, perdemos Leyda Regis falecida em 1998, Maria Luísa mudou-se para Salvador e Ângela Margarida retirou-se por motivo particular. “Maria Lígia faleceu em 14 de agosto de 2014. Por tudo isso e muito mais que não dá para contar aqui o quanto a amei e a saudade que sinto. Tenho certeza que Deus a favoreceu, pois dizia que não queria sofrer num hospital por muito tempo; queria uma morte rápida. Deus como sempre a escutou. Estava pronta para dar uma entrevista na tarde do dia 13 de agosto de 2014 (José Genivaldo Martires, preparando seu mestrado em Educação - UFS), quando assistiu a notícia do desastre aéreo com o ex-aluno, ex-Secretário de Estado, ex-Deputado Federal - Pedrinho Valadares - e o candidato a presidente da República - Eduardo Campos. Às pressas a levamos ao Hospital Primavera. Diagnosticada com um AVC, e apesar de todo cuidado médico, faleceu na madrugada do dia 14. Mês seguinte, dia 30 de setembro completaria 89 anos. Mas o tempo e Deus a levaram antes.” (do: O tempo com Lígia)

Após alguns meses do falecimento de Lígia, retomamos aos trabalhos. Em 2015 fui eleita para a presidência e conquistamos Jane Alves Nascimento e Maria Inácia dos Santos Dória. Em 2018, com grande festa no Villa Sorelle, tomaram posse: Maria Edneide dos Santos Lemos, Tânia Cristina Santos de Souza, Izabel Cristina Melo Pereira, Maria Zélia da Silva Rocha e Eunice Guimarães Santos Garcia. Recentemente, mais duas foram eleitas e aguardam a posse: Ilda Resende e Shirley Rocha Reis, completando assim o número 20 de cadeiras. Depois da Academia Sergipana de Letras somos a número dois em idade de fundação.                       
FRUTOS
Publicamos livros, jornais, revistas e promovemos saraus em memória de autores sergipanos, lançamentos de revistas e livros; participamos de Encontro de Escritores, Bienal do livro, criação de academias etc. Apoiamos e cultivamos a criação das academias pelo interior do Estado, trabalho muito bem conduzido pelo escritor e imortal da Academia Sergipana de Letras, Domingos Pascoal de Melo que soube muito bem abraçar e conduzir a ideia de outro imortal Luis Antônio Barreto após seu falecimento. Breve todas as cidades interioranas vão ter a sua academia literária, abrigando e incentivando os escritores, poetas, cordelistas, artistas da música, da dança. Jovens que assim acham abrigo para divulgar seus trabalhos sem reservas, (sem ninguém tolhendo as pretensões culturais) e idosos que guardavam seus escritos em cadernos, dentro de gavetas ganham admiradores revelando muitas vezes belíssimas obras. Sabemos que é difícil levantar essa bandeira e enfrentamos dificuldades como em qualquer empreendimento. A Academia de Letras Gloriense e a Academia de Letras de Aracaju designaram Maria Lígia Madureira Pina como Patrona. 

A semente bem cultivada cresceu, as flores desabrocharam e frutificaram: Fruto disso é a “nossa filhinha” a recém fundada Academia Literária de Vida de Propriá (ALVP), presidida pela professora aposentada Josefa Francisca dos Reis (Elenice Reis) com outras nove confreiras: Kátia Regina de Novaes Sátiro, Ana Carla Rodrigues de Oliveira, Elisângela Castelo Branco Furtado Souza Torres, Irinéa Borges Carvalho, Rwana Britto dos Santos, Maria da Conceição Cardoso Santos, Rosa de Fátima da Silva Xavier, Edilene de Oliveira Silva e Silvia Regina da Silva Santos. 
Maria Lígia é a Patronesse da ALVP. Abrangendo professoras, empresárias, musicistas, artesãs, donas de casa – mas amantes das artes e literatura - estão conseguindo liderar a cultura na cidade. 

A ALVP conseguiu espaço na Rádio Propriá FM 104.9, no horário de 9:30 às 11:30, aos domingos para o programa “Mulheres em Ação”. Com leitura de mensagens, poesias, crônicas, entrevistas de personalidades locais e sorteios de livros, as acadêmicas estão conquistando espaço valioso para os artistas e empreendedores da cidade. A ALVP está honrando sua Patronesse e a ALV tem orgulho em dar o apoio.
A Academia formada por mulheres foi um dos legados deixados por Lígia (além de suas obras literárias) o qual iremos cultivar com carinho e muita honra. Por tudo isso, acho que valeu a pena o pioneirismo da querida Maria Lígia Madureira Pina.

 Shirley Maria Santana Rocha
 Presidente da Academia Literária de Vida
 Jornalista (DRT 469).