Comentário de Shirley Rocha*
A escrita de Leá Sobral (Aurelina de Melo Sobral) deixa o leitor feliz ao conduzir-lo em viagens pelo mundo. De forma leve, franca, com muito humor ela nos leva por inúmeros caminhos, seja sob o frio intenso ou o sol abrasador dos 66 diversos países.
Viajei com ela através seu olhar e fui revendo lugares e conhecendo muitos outros. Seu jeito irreverente de ser conquista todos diante das intempéries nas quais se joga com muita coragem. Creia, não sei se é coragem ou ingenuidade que a faz atravessar incólume certas situações. Viajar para lugares desconhecidos é uma aventura que requer sim, coragem, disposição e ação.
Léa visitou países da Europa, Ásia, África, América do Sul, América Central e América do Norte. Não posso citar todas as cidades. Tomaria muito espaço. Para cada uma ela tem um comentário, um esclarecimento, um destaque, ora citando colegas de viagem, a locomoção, os imprevistos, as alegrias e ora as tristezas, as dificuldades.
Na apresentação do livro o escritor Gustavo Aragão escreveu: “Todo itinerário de viagem é narrado, nesta obra, com vivacidade, de modo espontâneo, em linguagem simples, bem-humorada, que tem como proposta aproximar o leitor do universo narrado e torná-lo cúmplice de cada momento vivido pela autora e por todos os seus colegas de viagem que viveram com ela cada momento”. É isso aí.
E pensar que tudo isso foi semeado quando estudou História e Geografia a partir dos 11 anos de idade no Colégio Imaculada Conceição na cidade de Capela, município de Sergipe. A freira, professora do colégio, irmã Joana Bosco é lembrada às vezes pela disciplina exigida e ao mesmo tempo pela admiração no ensino, lá esteve de 1963 a 1981. E prometeu a si mesma que um dia ia descobrir se aquela história toda explicada pela irmã e contida no livro de Borges Hermida era verdade!
Conquistou tempo e finanças para se juntar às caravanas turísticas, aos amigos, aos parentes e ao marido, arrumando a mala várias vezes.
Não há como se contar as peripécias, as tribulações pelas quais ela passou. Mas tudo foi superado graças à sua coragem e ousadia. Aliada de cada viagem é a pesquisa que ela faz muito antes. História, estatísticas personagens, lugares importante, para não serem esquecidos de visitar e com isso, ilustra o que vai contando. Tudo Léa levava na memória e num caderninho e voltava com anotações no caderninho e as centenas de fotos captadas diariamente. Sem falar nenhuma língua estrangeira, ela entrava e sai de lugares apenas com gestos e sorrisos... Conquistava as pessoas pela espontaneidade e empatia. Voltou de todas com nomes e os corações de amigos além fronteiras. Cada paisagem, aspecto de uma cidade, seu povo, a comida (o vinho constante!!) são descritos com pormenores, delicadamente expostos, às vezes com lágrimas em seus olhos! Outras até soltando um palavrão! Carlão, seu esposo, (paciência e amor) nem sempre agüentava o pique da Léa, e olha que ele é um homenzarrão.
Ela refez viagens porque achava ter ficado alguma coisa sem ser visto. E então voltava lá. Viajando com Léa, li e reli vários capítulos do livro DA CAPELA PARA O MUNDO, lançado em março de 2020. Apenas na leitura, dá para se conhecer um pouco do paraíso, nossa Terra tão bela que Deus criou e nos oferece todo dia para apreciarmos. Só lendo para se ter idéia de como uma pessoa vai atrás de um sonho e o conquista. Tudo dentro de 332 páginas. Pena que não contém fotos, mas entendemos que o custo de publicação seria enorme.
Conheci Léa quando prefeita de Capela, dentro do Palácio de Governo, à procura do governador, em busca de benefícios para a cidade sergipana. Sempre com aquele sorriso e perfil que para mim diziam “não estou para brincadeira, meu povo precisa, me atenda!” por dois, três dias ela voltava até ser atendida. Então dá para entender que o que ela tenta fazer, ela faz.
Leá é graduada em Gestão Escolar, professora aposentada da rede Municipal de Educação de Aracaju e da Rede Estadual de Educação do Estado de Sergipe. Foi vereadora da cidade de Capela (1982-1985) vice-prefeita (1986-1990), suplente de deputada, prefeita (1991-1994) primeira-dama (2001-2004) e novamente vereadora (2009-2013).
Vou concluir com a opinião que está na orelha do livro de Maria da Conceição Barreto Alves Souza - Historiadora e Presidente da Academia Capelense de Letras e Artes (ACLA) - “Desejo a todos que embarquem junto com as narrativas de Léa e que façam uma excelente viagem sem sair do lugar!”.
Shirley Rocha - jornalista e Presidente da Academia Literária de Vida.