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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Alma Poética do poeta Otoniel Almeida

 

Apreciação sobre o livro



De Yvone Mendonça de Sousa

        Hoje é Natal e, num rasgo de inspiração resolvi dar um breve mergulho não nas águas cristalinas do Rio das Contas, rio que margeia Ubaitaba, cidade situada na Região Sul do Estado da Bahia, terra natal do ilustre e iluminado poeta Otoniel Almeida. Quero, sim, dar um profundo mergulho no manancial de beleza da “Alma Poética” oriunda do divino estro daquele que veio da Bahia de Todos os Santos e todos os Orixás para engrandecer com o seu lirismo e seu arguto poder de trabalhar a palavra, a cultura e a atual saga dos poetas sergipanos. Segundo ele, sua missão por meio da poesia, é poder cantar eternamente o amor, sentimento maior da humanidade, que alimenta sua alma e lhe proporciona a alegria suprema de viver. Realmente é o amor que perlonga todos os versos dessa obra cuja mensagem e poesia como suprema expressão da beleza enternece o coração e a alma de todos os leitores que têm a ventura de lê-la. E há predisposição mais bela na vida que a de cantar o AMOR? Conhecemos as três dimensões do amor: Ágape, Philos e Eros. Essas dimensões do amor permeiam essa expressiva e comovente obra cuja leitura de cada poema nos enleva, ora sorvendo os encantos da natureza numa visão panteísta, ora ouvindo o canto dos pássaros, o doce murmurar das águas cristalinas dos rios, a verdejante paisagem das florestas, o viço das flores e o silêncio místico da natureza.

        Segundo Voltaire, a poesia é a música da alma. A leitura desse edulcorado livro de poemas nos remete a um lirismo que transcende nossos sentimentos e que inebria nossa alma e nosso coração.

      Bombardeados que somos constantemente com notícias bélicas na maioria dos continentes, ler “Alma Poética” foi como receber no conturbado momento histórico que atravessamos, uma overdose de paz, ternura e beleza que me fez rememorar a singeleza dos “Meus oitos anos” de Cassimiro de Abreu e do “Gondoleiro do Amor” do seu ilustre e imortal conterrâneo Castro Alves ao traduzir o mais sublime de todos os sentimentos- O AMOR.

        Poeta lírico por índole, Otoniel Almeida surpreende o leitor ao clamar pelo direito à liberdade e sua sede de justiça social, dando, através de sua poesia, voz ao operário oprimido e injustiçado, revivendo desta vez, a poesia social de Castro Alves.

E, de repente, o operário

Também se sentiu gente!

Caminhou nas ruas

Sem temer ninguém

E discutiu pelos seus direitos,

E reclamou por um melhor salário

E compreendeu

Que é necessário lutar para sobreviver.

        Bendito seja bravo e sensível poeta Otoniel, bendito seja por trazer a lume uma valiosa pérola literária para preencher de luz e esperança a alma e a inteligência do povo sergipano.

 Yvone Mendonça de Sousa - professora, escritora, Membro da Academia Literária de Vida e da UBE- União Brasileira de Escritores - Núcleo Sergipe.