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sábado, 13 de abril de 2024

Aniversário de 95 anos da querida confreira

 

Recebendo o Troféu Falcão de Ouro, na III Bienal do Livro
em Itabaiana/ 2015. 

Maria da Conceição Ouro Reis - (13.04.1929 - 06.06.2021)

Fundadora da Cadeira 4

Patrona: Maria Rita Soares de Andrade

   Conheci a professora Maria da Conceição Ouro Reis quando estudava no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, o  Colégio das Freiras, como era mais conhecido. Iniciei no primário (curso fundamental) e ela ensinava Português e Literatura portuguesa às garotas do científico (curso médio). Não estivemos juntas em sala de aula, mas sempre a via conversando com Lígia antes do início das aulas, em direção à sala dos professores. E durante alguns eventos no Sindicato dos Professores nos encontrávamos, pois eu as vezes acompanhava Lígia. Professora Conceição, tinha um porte elegante, sempre de sapatos salto alto, anéis em destaque e o batom sempre vermelho. Na verdade, eram três professoras conhecidas no Colégio como elegantes: Maria da Conceição, Maria Lígia Madureira Pina e Adelci Figueiredo dos Santos. Adelci foi minha professora de Geografia Geral. Maria da Conceição também ensinou no Colégio Brasil, Colégio Estadual Atheneu Sergipense, Colégio Tobias Barreto, Colégio Patrocínio de São José, Colégio do Salvador e Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe.

Só em 1992 começamos a nos encontrar mais frequentemente, por conta da ideia de Lígia de criar um grupo de professoras recém aposentadas (Colégio de Aplicação) para se reunir e discutir sobre literatura.  Ela não queria que o grupo se dissipasse, queria preservar a companhia das colegas. O grupo inicialmente foi denominado de Hora Literária.

Maria Conceição Ouro Reis, nasceu na cidade de Aracaju, em 13 de abril de 1929, filha de José Ouro Junior e Maria Mesquita Barreto Ouro. Casou com José Maria Campos Reis, teve dois filhos Maria Mônica e Domingos Sávio (falecido).

Ela fez curso de Letras Neolatinas pela Universidade Federal da Bahia em 1953; Curso de especialização em Frances e Italiano pela Universidade Federal da Bahia (Língua e Literatura) 1953; Extensão em Psicologia pela Faculdade Católica de Filosofia da Bahia 1954; Pós - graduação em Metodologia do Ensino – UFS-1973; Extensão em Teoria Psicanalítica - UFS e Apresentação de papaers no Centre Hospitalier Robert Ballanger - França( 1993-1994-1997 e 1999)- 1993:“Sur I É criture des poèmes”; 1994: “Psychanalyse et “Poèsie 1997: “Projet de Crèation Littéraire-une experience avec des adolescentes”; 1999:“Présentation du NAPSI, une ONG brésilienne. ”); fez vários cursos por cidades do Brasil  Aracaju/SE, em Salvador/BA e no exterior - em 1991 Zurich/Suiça, França/Paris 1992  e Géneve/Suiça 1992, também apresentando trabalhos na área de Psicanálise.

Foi vice-presidente do Núcleo de Atendimento Psicológico - NAPSI com sede em Salvador/BA e membro fundador do Fórum Bahiano de Formação em Psicanálise e Estudos Disciplinares. Professora do curso de Teoria Psicanalítica da UNIFAES (pós-graduação “latu senso.

Distinções

Diploma de Honra ao Mérito pelos serviços prestados ao Magistério, conferido pela Associação de Professores Licenciados do Brasil, seção/Sergipe; Título Educadora do Ano de 1992, conferido pelo Sindicato dos Professores de Sergipe; Título de Professor Emérito da Universidade Federal de Sergipe (Resolução n. 07/2005/consu); Placa da Independência , em 1994conferida pela Secretaria de Educação do Estado de Sergipe; Homenagem da Secretaria de Estado da Educação em 2006 reconhecendo os inestimáveis serviços prestados à Educação em Sergipe; Título “Educadora destaque 2008” conferido pelo governo do Estado; Troféu Falcão de Ouro, entregue na III Bienal do Livro em Itabaiana-2015. Era colaboradora do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho - MAC da Academia Sergipana de Letras. Foi homenageada com Menção Honrosa pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em 18 de maio de 2017. Faleceu dia 06 de junho de 2021 em Aracaju/Sergipe.

Produções

Durante a adolescência Maria da Conceição publicou na revista ÚNICA (circulou por mais de vinte anos em Salvador/BA) suas poesias e crônicas de 1951 a 1970. Revista Cultura, do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia da UFA 1952;  Jornal A Tarde em 1952 e de 1981 a 1991., Jornal Diário da Bahia 1952, Jornal ACRUZADA  em 1952 -Aracaju; Jornal Diário de Aracaju em 1970; Aperitivo poético 1986, 1989 e 1990 Aracaju; Caderno de Cultura do Estudante da UFS em 1990 (artigo sobre Silvio Romero e artigo sobre José Augusto Garcez) ; Jornal da Cidade em 1994 e 1996 com a coluna “Anamorfose” sempre aos domingos; El Sergipense, 1983 de Santo Amaro/Sergipe;  Jornal Letras Sergipanas da Academia Sergipana de Letras; participou de diversas antologias, jornais e revistas da Academia Literária de Vida.




Sua participação na Academia era cativante, pois sempre trazia às reuniões assuntos relevantes, fossem seus escritos ou notícias do trabalho junto ao NAPSI em Salvador.  Nosso arquivo guarda preciosas colaborações, muitas fotos, principalmente as do jantar com que fechava sua reunião, todo mês de dezembro. Nos deu em 19 de dezembro de 1993 a sugestão de acrescentar ao nome da Academia a palavra VIDA, para ela, diante do que discutíamos mensalmente, nossos encontros não eram “apenas uma hora literária”, pois mantínhamos trocas enriquecedoras para nossas vidas. Foi aceita por unanimidade. Também por isso nosso lema é o pensamento de Leonardo Da Vince: Arte é Vida; Vida é amor; Amor é Deus!

Livros Publicados

Seu primeiro livro foi A Lagoa do Fauno - 1975 (poesia), depois, já no Colégio de Aplicação da UFS publicou Projeto Laboratório de Criação Literária (1-Projeto, 2- Poesia 1980; Redigir Bem ou a Arte de Comunicar-se 1988; EVELINA - 2014 (primeiro romance, escrito quando tinha 17 anos) e OS EXECUTORES -2014, de contos. Tem inéditos até o momento (listrado no currículo entregue a ALV,) 26 livros, 30 trabalhos de psicanálise e mitologia e mais três estava em andamento: VIDA - ÁGUA, FOGO, TERRA E AR; Psicanálise Humanizada - Ensaio; e Lições da Vovó -Método Camaleão-Crônicas.

 Após anos cinco anos enferma, faleceu dia 06 de junho de 2021 em Aracaju/Sergipe.

 


Último Canto

 Maria da Conceição Ouro Reis

 

Eu não posso velar um cadáver eternamente,

urge que o enterre

e o esqueça da lembrança.

Os primeiros sinais de decomposição

já se fazem sentir.

Não o toco siquer;

o vergaria por certo.

A febre que de súbito

estrangulando o ser

deixou na minha boca

um velho gosto amargo,

foi a última gota

da minha compaixão.

Será, enfim, a liberdade nua,

que surgirá como Vênus das ondas.

E o frio fantasma do meu espírito

terá fim.

Talvez lhe jogue uma flor,

pela evocação

de sua imaginação.

 

Ninguém mais falará do Fauno Encantado.

 

     Por Shirley Rocha - jornalista, presidente da Academia Literária de Vida e membro da União Brasileira de Escritores/Núcleo Aracaju-UBE/AJU.