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segunda-feira, 29 de abril de 2013

“Especiarias da Essência Humana” de Sônia Azevedo.


Cada poeta é único!

 Maria Lígia Madureira Pina

Terminei de ler o novo livro da poetisa Sônia Azevedo. O título já fala pelo conteúdo: Especiarias da Essência Humana. E os subtítulos? A Essência dos Caminhos, Mistérios e Lições: Ser, Refletir, Contemplar, Mudar. Poesia, Nobre Especiaria: Música, Perfume e alma da palavra. Só para exemplificar. Finda a leitura concluí: cada poeta é único, no pensar e no dizer, isto é, na idéia e na forma de expressar-se. E assim é Sônia Azevedo. Quem teria a idéia de trazer para a poesia especiarias da culinária, do sabonete, dos cheiros da vida e associá-las às especiarias do ser humano? Ela, Sônia, o fez.

Especiarias

O aroma do café com bolo de chocolate
O chá de erva cidreira
As rosas vermelhas que enfeitam a mesa
O sabonete de jasmins
O incenso
A canela e a noz-moscada
O musgo
O cravo
O cheiro de mato molhado
Ah! O cheiro da noite enluarada
O sereno da madrugada
O cheiro do mar salgado
E aquele restinho de perfume
Do momento mais ousado
Flores e frutas maceradas
Mistura de sais e maresias
Atraindo lembranças guardadas
De todas as coisas já vistas
E foi assim, que descobri encantada,
O cheiro da vida
Nas especiarias da memória.

E no enrolar e desenrolar da vida humana, na vida e na visão de Sônia, na sua poesia psicológica e filosófica e iluminada como em:

Consciência

Na casa do inconsciente
Mora essa vontade grande de ser
Mora o desejo de resolver
O mistério de todas as coisas terrenas.
A porta inanimada
Ouve os anseios
 E se abre comportada e séria
Mas no alto paira um aviso:
É proibido!
Lá fora me dizem: mora o perigo
Por isso, siga à risca essa recomendação:
Não coma nunca desse fruto proibido.
Mas quando o jejum é grande
Maior ainda é a fome de ser
E a vontade de aprender e conhecer
Assim, o esforço humano triunfa
E a consciência, rebelde e vitoriosa se ilumina.

Sim, cada poeta é único. Podemos comparar com as impressões digitais. Não há duas iguais. Diz-se que quando Deus cria uma pessoa quebra a forma para não repetí-la. Quando cria um poeta, também. Por isto não devemos ler uma obra literária, vendo apenas o que está claro, explícito, mas enxergarmos o que está nas entrelinhas, no que está oculto. Só assim penetramos na alma do poeta, ou do escritor.
Cada poeta tem estilo próprio que não se confunde com nenhum outro e por isto não deve haver comparação. Quem pode ser comparado à Núbia Marques, a Carmelita Fontes, a Gizelda Morais, a Therezinha Belém, a Martha Hora, a Avany Torres de Souza, Ilma Fontes? Ninguém. Nem entre elas há termo de comparação. Quem pode ser igual, a Hermes Fontes ou a Mário Cabral?
Parabéns Sônia. Você também é única. Como diria minha querida e inesquecível amiga Leyda Regis: “não se perde um poema”. Como Cora Coralina, a poesia de Sônia é a vivência do seu dia a dia que é o mesmo de todos nós que habitamos o Planeta Azul. Mas entre o dizer e o sentir das duas, está a diferença e a dificuldade em compará-las.


Sobre a escritora Sonia Azevedo - Integrante do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho (MAC) de apoio à Academia Sergipana de Letras, cadeira 23, cuja patronesse é a escritora e poeta Núbia Nascimento Marques de Azevedo. Publicou em 2010, seu primeiro livro de poesias, intitulado, “Referências e Memórias: Substâncias da Vida”. Tem outros livros publicados voltados para o campo acadêmico: “Quem Tem Medo do TCC?”; “Organização do Trabalho Pedagógico” e “Direito à Educação: Limites e Possibilidades”, esses dois últimos para subsidiar proposta de Educação à Distância.