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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Trovas no Idioma Caipira


Desenho de Alceu Penna - revista O CRUZEIRO

Ângela Margarida Torres de Araujo

Diga, meu povo, bas tarde,
Aqui venha s’juntá,
Num é hora de trabáio,
Vosmecês é cunvidadu prá festa do arraiá.

Vamu cumeçá as brincadera
Pru mode alegrá a reunião,
Chéa das moça bunita,
Nesta tarde de São João.

Tudo tem prá todos gosto:
Forró, poesia e cumidinha.
Mai, o qui é memo gostosu,
É o dizé destas trovinha.

Sinhá Lígia é a premera
Rifada pru mode está,
Na qualidade de nossa chefa.
O que hei dela falá?

Eu inté bem mi alembru,
Do seu dengosu caminhá.
Toda chique e inlegante,
No sartu artu a disfilá

Moça de boa aparença,
Inducada prá ninguém defeito achá,
Num somente chés das graça
Artoridade tinha prá sobrá.

Apusentada ela num quis,
Interrompé sua carrera,
Fundô antonce este grupo
No que ela é a frô premera.

Cunceição sempre tan chéa
Das xiquesa e inteligença,
Veve dizendo qui um tar de Freud
Estudô as nossas carença.

Iguazinha a sua mamãe
Sinha Mônica, a dotorinha,
Lá nas terra do Sarvadô,
Tamém dá suas aulinha.

E a minina, nhá Hermínia
De gente importante du pratô,
Na capitá veio estudá,
Nu francei e prutuguei se depromô.

Shirley tinha cabelo tan lindu,
Culega na escola das frera.
Em jurnalista se graduô
Pra cumbatê, dus mardosus as arnera.

Chéa das elegança é Josefina
Inté nome de rainha tem.
Increve historas de frumiguinha
Pra insiná o querê bem.

Tan impogada ela é
De vóis forte e penetrante,
Quando discute um assunto,
Nhá Yvone é framejante.

Dona Créa, num s’avexe,
De vosmicê vou agora falá,
Me alembru de tudo qui m’insinô
No culejo d’Apricação da Federá.

Num sei pruquê é qui fico
Nhá Aderci pro derradero
Tarvei pru mode ela tê
Nus óio azú um brasero

Adispois de todas vanceis,
Eu pudê homenagéa,
Vô saindo cá pra fora
Pru mode o meu véio carinhá.

13.06.2003.
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