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domingo, 3 de agosto de 2014

Maratona peregrina na Terra Santa

No Aereoporto David Bem Gurion, em Tel Aviv
Na saída de Aracaju a grande expectativa para a maratona peregrina, parecia até a primeira viagem internacional, na realidade a Terra Santa foi depois de Tókio, a mais longa que empreendemos em menos de quatro anos. Foram 19 horas de voo compreendendo Aracaju/Rio/Paris/Tel Aviv, mas valeu o esforço dispendido. Uma excursão a Jerusalém é diferente de qualquer outra. Há alguns anos tivemos o privilégio de conhecendo Istambul e Ilhas Gregas chegarmos até Atenas onde a arquitetura e os sítios arqueológicos lembram, guardando as devidas proporções, alguns lugares visitados na Terra Santa. A ilustração vale como uma rápida comparação, pois não existe lugar que retrate tão fidedignamente o Estado de Israel. Ele é único em todos os detalhes! Passamos apenas 10 dias, o calor e a falta de umidade do ar, corroboraram para que o período fosse o suficiente nessa primeira estada.
De Tel Aviv - local de instalação do aeroporto Bem Gurion - até Jerusalém capital de Israel, um tempo para se apreciar o panorama da bela e arrojada cidade com uma população de aproximadamente 10 milhões de habitantes. O calor fora do ônibus era causticante, na verdade o oxigênio ali era menor que o usual. O deserto é aquele que a leitura de obras sobre o Estado de Israel sempre revelou - os muros relatados nos livros pareciam sim, terem se multiplicado. É muralha em volta da cidade antiga, mais muro no túmulo de Raquel, e por ai seguem-se outros tantos.  Aqueles muros foram ao chão seguramente por dezesseis vezes. Na última, a décima sétima, eles não chegaram a ser derrubados.

Paisagem em Jerusalém 
O ônibus seguia o seu curso com destino a Jerusalém e a paisagem era fascinante! Após algumas horas com direito a sair do ônibus e fotografar, chegamos ao hotel onde passaríamos aqueles dias. 
Em Israel, árabe e hebraico são idiomas oficiais, a moeda é o shekel, contudo o dólar é bem recebido pelos comerciantes, melhor até que a moeda oficial.
Infelizmente palestinos e judeus não vivem em paz, há o resquício que os acompanha desde o início dos tempos, é profético. Ali só haverá paz quando o Senhor Jesus voltar. Enquanto esperamos a segunda vinda do Redentor, eles ainda esperam pelo Messias. É voz comum em Israel - há mais ateu que judeu. Uma realidade que lamentamos: em terras que Jesus nasceu, viveu, foi execrado num vil madeiro e ressuscitou. Em Israel servir ao exército é obrigatório, tanto para os rapazes como para as moças.
Era nossa curiosidade encontrar ali nomes de brasileiros que sabíamos ter dado sua contribuição, tanto para a fundação quanto para a beleza arquitetônica da nova cidade. Enfim chegamos ao primeiro: Oswaldo Aranha, membro da ONU, nome importante para a fundação de Israel - dele foi o voto de Minerva, no ano de 1947 que selou a organização de Israel - fato consumado com a construção daquele Estado em 1948. O nome de Oswaldo Aranha exalta o ego do turista, notadamente dos brasileiros que visitam Israel. Há um parque no centro da cidade reconhecido como o pulmão verde de Jerusalém, com o nome do ilustre brasileiro.  O outro nome que engrandece o Brasil é Oscar Niemayer, responsável pela arquitetura arrojada de alguns prédios públicos da cidade.
À proporção que o tempo passava as visitas se intensificavam, Jerusalém cidade ímpar com milhares de nomes: A Cidade Santa, A Cidade dos Profetas, A Cidade da Paz... É a única no mundo considerada sagrada por judeus, cristãos e muçulmanos. Fomos a priori ao Vale de Bethesda que é apreciada como a casa da misericórdia, onde divisamos as piscinas milenares, conhecendo de perto a cisterna central, canal de água, balneários nas grutas, cisterna romana e o mosaico bizantino. E finalmente a Basílica de Santa Ana, distinguida pela sobriedade das suas linhas e pela perfeição da acústica. Ali você pode cantar à capela, sem a necessidade de instrumentos musicais.  
Belém foi outro roteiro nosso, em hebraico significa Casa do Pão e em árabe Casa do Alimento. A cidade está ao sul de Jerusalém, é reconhecidamente o lugar de nascimento de Jesus, a cidade natal de Davi. Visitamos a Igreja da Natividade e de lá podíamos avistar as montanhas da Judéia, mais ao norte, a área pertencente à Samaria e ao leste da Judéia, seu deserto, que flui em direção ao ponto mais baixo da terra, o Mar Morto.  Belém por sua localização rural, numa colina rochosa, agrada ao visitante, trazendo-lhe a memória uma atmosfera caracterizada por profundo bucolismo.

Muro das Lamentações

Enquanto descemos 430 metros do nível do mar para o ponto mais baixo da terra, o Mar Morto, Naquela tarde tivemos a oportunidade de subir o deserto da Judéia encontrando ali a fortaleza de Massada, um sítio arqueológico no deserto, há 500 metros do nível do mar.
Massada era o QG de Herodes, o grande, que reinou a Judéia no ano 37 a.C. Da fortaleza de Massada víamos as montanhas de Moabe no território jordaniano. Dai fomos conhecer os achados de Qumran, lugar célebre nas décadas de 40 e 50 do século XX, época em que arqueólogos e beduínos encontraram cavernas com centenas de rolos do período do Segundo Templo. Os rolos ali encontrados são conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto, documentos escritos sobre papiro, pergaminhos e cobre, escondidos e preservados em vasos por aproximadamente dois mil anos. Nos rolos foram encontrados livros da Bíblia hebraica, comentários sobre as Escrituras e literatura extrabíblica. Quiçá o documento mais famoso de todos seja o Rolo de Isaias, mil anos mais antigo que a mais recente cópia de Isaias até então conhecida. Entendemos aquele local como complexo secionado, antes uma explicação da maquete, réplica da cidade de Jerusalém antiga, saindo depois para o Museu do Livro, local dos pergaminhos e objetos encontrados no Mar Morto.
 Outra cidade visitada foi Jericó considerada a mais baixa da terra e a mais antiga do mundo. Em sua localização desde os tempos remotos, ocorre importante cruzamento de estradas, ao seu redor existem terras férteis, havendo água com fartura. Na passagem pelo deserto um número considerável de camelos e ovelhas desenha um cenário único, vimos também alguns kibutz (mini fazendas agrícolas). Também em nosso trajeto, muitos beduínos, nômades, em busca de terra e água, morando em seus acampamentos improvisados, espalhados pelo deserto.
As últimas visitas da peregrinação: Galiléia, quando atravessamos de barco para conhecermos, talvez uma das mais belas cidades da região, e o delicioso almoço no Restaurante Peixe de Pedro. O Mar da Galiléia é a principal fonte de água fresca em Israel; possui 60km de circunferência, localizando-se a aproximadamente 210km abaixo do nível do mar. Na margem norte o Mar da Galiléia  é alcançado pelo rio Jordão, desaguando posteriormente no Mar Morto, este com um área de 900km² , já apresenta algumas placas tectônicas e a cada ano recua 90cm, fato que tem preocupado técnicos e estudiosos.
Em Cafarnaum vimos de perto em seu sítio arqueológico as ruínas da sinagoga antiga, a casa de Pedro e restos de outras casas e instalações agrícolas. Encerrando a visita à Terra Santa, fomos ao Museu do Holocausto e a Universidade Hebraica de Jerusalém - campus de Humanidades e Ciências. Esta Universidade é particular, fundada em 1925, tem 23 mil alunos, distribuídos em cinco campus, com alunos de 70 países. 
Jardim do Getsêmani, com oliveiras, e ao redor flores exóticas
O período final de nossa excursão foi dedicado ao Jardim do Getsêmani, que se localiza ao pé do Monte das Oliveiras. Nesse lugar cerca de oito pés de oliveiras, podem ter mais de dois mil anos. Existe também no jardim, uma Basílica mantida por padres franciscanos, e a gruta do Getsêmani. Nossa excursão culminou com a visita ao Jardim do Sepulcro - este com localização fora dos muros da Cidade Antiga - um belo cartão postal. Da plataforma de observação, vemos um panorama geral da Cidade Antiga e dos muros que a cercam.
Conhecer Israel neste tempo nos presenteou com a festa de seu aniversário. A organização do Estado de Israel ocorreu exatamente quando David Bem Gurion assinou em 14 de maio de 1948 a declaração de sua independência. A cidade era só alegria, fogos de artifício emolduravam o céu com variados motivos, fato que não nos cansou estar de pé, com os olhos voltados para cima por consideráveis minutos; as ruas estavam repletas de jovens (pela quantidade de ônibus em todos os lugares que íamos) cremos que toda a circunvizinhança estava naquela festa. A cidade estava intransitável. Na praça em frente ao Knesset, sede do Parlamento israelense, encontra-se a escultura magnífica de uma Menorah em bronze, ela e a estrela de Davi, são símbolos que retratam a história de Israel. Naquele local estratégico da cidade, as crianças orientadas por sua monitora, entoaram alegremente uma canção em hebraico para o grupo de brasileiros visitantes.
 Assim, em síntese, compartilhamos com nossos leitores nossa pequena estada na Terra Santa.
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Sandra Natividade
8/jun/2014