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domingo, 14 de agosto de 2016

Enterro de um passarinho


De Franz Dvorak

Dedicado à professora Maria Lígia M. Pina


Vi o ataúde da professora rolar para dentro da miserável gaveta
Braçadas de rosas foram empurradas para dentro
E quanto mais enchiam o escuro de rosas
Mais triste eu me sentia
Via ali ser enterrado o conhecimento
Vilipendiada a poesia
Aquela mulher distinta e fina
Moça virgem aos oitenta anos
Era um passarinho derrotado
Todos os seus sonhos
Naquele escuro colocados
Meu Deus, que cena constrangedora
Fecharam a gaveta
A poeta
A declamadora
Meu Deus, quanta agonia
Bem no momento em que o sol no horizonte se escondia
Para chorar estrelas na hora da Ave Maria.

Tânia Menezes
Movimento Cultural Antonio Garcia Filho, da Academia Sergipana de Letras.

16.08.2014