Esta foi a frase que ouvi da boca de um jovem.
Realmente, MÃE É UM SACO que carrega o filho desde a fecundação até o nascimento.
É um saco de recordação, de angustias, lágrimas e felicidade. É talvez, o único ser humano que detém o poder de carregar consigo o presente, o passado e o futuro.
MÃE é, verdadeiramente, um saco maleável, sem começo nem fim, de textura imperiosa, pois se elastece indefinidamente sem jamais romper-se.
O jovem não sabia que descobrira aquilo que os poetas, músicos e pintores buscam através dos séculos: uma definição exata para MÃE: MÃE É UM SACO.
É um saco com nervuras sensitivas, com cordas de uma harpa invisível que é tangida pelo bem e pelo mal.
Se o bem provém do filho, a melodia enche o saco e não transborda, pois é absorvida e se transforma em sorriso.
Se o mal provém do filho, não encontra espaço no saco sempre cheio de um perdão infinito.
MÃE É UM SACO de dádivas e bênçãos.
Se a chuva desce e as pedras do caminho tornam a estrada escorregada, a MÃE, que é saco, enxuga a água e limpa a lama.
Se o sol é causticante, crestando as folhas e flores coloridas, a MÃE, que é saco, ampara o excesso de luz e procura dar um pouquinho de sombra.
Conhecera eu a mãe daquele jovem e ela não aceitaria as palavras desta crônica, pois a MÃE, que é saco, não admite que a membrana do mesmo seja transparente a ponto de filtrar ressentimento: “ Meu filho? Ele não disse isso..."
E se acumula no saco mais uma camada de amor.
Do livro OS EXECUTORES, Coleção 80 Anos.
OS EXECUTORES é uma coletânea de contos e crônicas da escritora sergipana Maria da Conceição Ouro Reis. Da realidade ao devaneio, passando pela arte, vida, morte, dores, alegrias, ensinamentos e amores, cada narrativa revela um pouco da natureza do ser humano e da complexidade de suas relações. Este é um livro para saborear e apreciar as diversas nuances que a vida nos apresenta. Faz parte da COLEÇÃO 80 ANOS, uma série de pocket books com o intuito de apresentar diversas obras inéditas da escritora, em comemoração aos seus 80 anos.