O Brasil Espanhol é o título da mais recente publicação do professor, geógrafo e hispanista Robervan Barbosa de Santana. Iniciando a leitura tive a agradável impressão de que faria uma viagem às raízes hispânicas do meu país acompanhando os registros historiográficos do autor. Fiz sem qualquer dúvida um belo giro visitando a administração colonial luso espanhola no Brasil: Tudo começou em 1580 com o falecimento do monarca Dom Sebastião, quando sem herdeiros, ele foi substituído pelo imperador Felipe II da Espanha que a partir dali governaria o império português trazendo consigo, as possessões do Brasil Colônia. Portanto foram seis décadas de domínio luso espanhol no Brasil, de 1580 a 1640. Temos antepassados ibéricos a história nos leva seguramente a isto. Com olhos atentos sobre Portugal e suas colônias, o Brasil incluso, os monarcas espanhóis reinaram sessenta anos sobre essa extensa jurisdição.
Entendemos como benfazeja a junção da União Ibérica para o desenvolvimento do Brasil Colonial, pois cidades deste país receberam influência positiva e a consequente extensão geográfica; a linha imaginária que dividiu o meridiano Tratado de Tordesilhas nos beneficiou: um lado seria de domínio Português e o outro Espanhol fato que, indiscutivelmente favoreceu regiamente o Brasil. A linha que conhecemos entrecortava o país de Belém do Pará até Santa Catarina. O passeio no livro O Brasil Espanhol nos remete a história dos imigrantes espanhóis e portugueses com suas expedições, investindo Brasil adentro, buscando entre outros objetivos, explorar riquezas minerais e capturar indígenas para serem explorados pelo escravismo. Fatos, posteriormente amplamente superados.
Os colonos paulistas e demais povoadores souberam conviver com uma economia que melhorava, beneficiaram-se do incentivo provindo da Coroa espanhola, notadamente com as atividades mineradoras que se instalaram no interior do país. A economia que anteriormente era em sua maioria agrícola e extrativista vegetal, estava se apresentando como um desenvolvido negócio da mineração.
A leitura de O Brasil Espanhol nos enche de satisfação ao viajarmos nas páginas dos capítulos: Conquistas das Capitanias de Sergipe Del Rei e Rio Grande do Norte; A história dos holandeses expulsos da Bahia; A imigração antes mesmo da União Ibérica; A posse da terra; Procedência dos expedicionários, soldados e marinheiros encarregados de defender o litoral brasileiro; A presença dos Judeus no Brasil Colonial aconteceu, notadamente pela perseguição religiosa vivenciada lá na Península Ibérica; As interessantes descoberta dos sobrenomes espanhóis no Brasil; As línguas ibéricas no Brasil Espanhol; A riqueza da arquitetura do Brasil Espanhol; Cidades brasileiras de nomes espanhóis.
Captou minha atenção em especial um dos capítulos “A Riqueza da Arquitetura do Brasil Espanhol”, quando cita a da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória em São Cristóvão/SE (1608-1616) edificada por padres jesuítas, contemporâneos do período identificado como de domínio espanhol no Brasil, observando-se a harmonia luso-hispânica na religiosidade. Ainda nesse capítulo segue o autor enumerando e descrevendo várias construções Brasil adentro como, por exemplo, em Natal/RN, São Luiz/MA, Distrito de Santa Rita/PB, Salvador/BA, Fortaleza/CE e no Guarujá/SP. E ele encerra seus importantes apanhados, ressaltando a Religiosidade Ibérica.
Portanto, acabei de fazer um verdadeiro passeio quase sem fim no O Brasil Espanhol tão bem apresentado pelo festejado escriba Robervan. Aju, 3/03/2020.
*Sandra Natividade é jornalista, escritora, membro da Academia Literária de Vida, Cadeira nº 12 - Patrona; Flora do Prado Maia e da Academia de Letras de Aracaju, Cadeira nº 19 - Patrono Genolino Amado.
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Robervan Barbosa de Santana - Possui graduação em Geografia Licenciatura (2002); Geografia Bacharelado (2004) e Letras Espanhol (2011), ambas pela (UFS) Universidade Federal de Sergipe (2011). Tem Pós-Graduação em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade São Luís de França (2008). Publicou o livro "Os Espanhóis em Sergipe Del Rey" em 2008.