Shirley Rocha*
Li com
satisfação a obra mais recente de Maria Hermínia Caldas, nossa confreira, uma
das fundadoras da Academia Literária de Vida: o título “Colégio Nossa Senhora
de Lourdes”- 126 páginas-Gráfica J. Andrade. Os registros sobre o Colégio estiveram guardados por muitos anos.
Hermínia não deixou de anunciar nada, pois faz parte de suas memórias. Ali estudou,
se formou e foi professora por muitos anos. O Colégio Nossa Senhora de Lourdes foi
criado em 1904, em Aracaju por iniciativa de Monsenhor Raimundo de Melo e
administrado pelas irmãs Sacramentinas, freiras vindas da França. Contudo várias
delas já trabalhavam no Hospital Santa Izabel, no início do século XX como enfermeiras ou administradoras. Depois de
ocupar prédios alugados, veio o prédio próprio da Rua José do Prado Franco,
onde ficaram até a extinção. Havia o externato e internato, um gabinete odontológico
que atendia as irmãs e funcionários do Colégio e a Escola do Bom Conselho, funcionando
dentro do próprio Colégio, e que beneficiava as meninas pobres da redondeza.
Maria Hermínia
inicia com a Patrona do Colégio, a Nossa Senhora de Lourdes, cuja imagem ornava
uma gruta feita de pedras e flores ao lado da Capela, no pátio que tomava todo
centro do prédio, ocupando quase uma quadra. Qual aluna que não tinha uma foto
naquele local? Discorreu sobre o lançamento da pedra fundamental em 1923 até a
sua extinção em 1973. Conta sobre a criação pelas religiosas Irmãs
Sacramentinas, seus primeiros diretores, os capelães, o corpo docente (encontramos
várias confreiras da Academia Literária de Vida, além de Hermínia, Maria Lígia
Madureira Pina, Adelci Figueiredo Santos, Maria da Conceição Ouro Reis, Yvone
Mendonça de Sousa e Cleá Maria Brandão). Eu fui aluna do Colégio na década de 60 e estudei Geografia
Geral, com a professora Adelci. Tenho muitas lembranças boas. Lembro com
orgulho dos desfiles de Sete de Setembro e Jogos da Primavera; as festas comemorativas
de aniversário do Colégio; as quadrilhas de São João na quadra esportiva, com
meninas vestidas com roupas masculinas para formar o casal na dança junina;
as quermesses, quando o público podia entrar (e apareciam os jovens para alegria
das internas!); o encerramento do ano letivo com entrega de medalhas... Tenho
fotos de algumas dessas festas, inclusive uma realizada no Teatro Atheneu, em
homenageando a França, idealizada pela exímia professora Gicélia de Araujo Torres,
“ÇA... C’EST PARIS! - todo espetáculo recitado em francês, com cada
participante representando uma região da França, exaltando suas riquezas naturais
e sempre acompanhadas de músicas regionais. Pense no palco, um grupo de adolescentes
bem vestidas, cada indumentária uma diferente da outra, rodopiando e falando em
francês! Nós aprendíamos declamando, cantando e dançando!
E como eram lindas as fardas, tanto a diária quanto a de gala. Nas festas, nos desfiles, o chapéu era um mimo! No entanto, lembro da minha farda de ginástica (eu e outras alunas achávamos horrível, pois parecíamos barrigudas) – blusa branca normal, e um calção de listras fininhas, azul e branco, de cintura franzida e as bocas das pernas com elásticos, que deviam estar sempre, acima, só um pouquinho, do joelho! E por cima a saia normal, azul marinho de pregas; se tirava a saia na hora dos exercícios. Imagine! Só na Olívia Palitoᶦ ficaria bem!
Exibidos nas páginas do livro, tudo isso, nos dá a dimensão do seu carinho por todas essas lembranças! Aju, 12.02.2021.
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ᶦ Explicando: Olívia Palito - para quem não sabe, trata-se de personagem de história em quadrinhos, a companheira do comedor de espinafre, o marinheiro Popeye.
Ilustração da web |
*Shirley Rocha - jornalista, Cadeira n. 09-Patrona Núbia Marques.