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O Adeus de Teresa
Castro Alves
São Paulo - 28.08.1868
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
-"Adeus" - eu disse-lhe a tremer co’a fala.
E ela, corando, murmurou-me: - "Adeus."
Uma noite... Entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Tereza!
-"Adeus", lhe disse conservando-a presa...
E ela entre beijos murmurou-me: "Adeus!"
Passaram tempos... Sec’los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
Mas um dia volvia os lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! Descansas!... "
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "Adeus!"
Quando voltei... Era o palácio em festa!...
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "Adeus!"
Castro Alves
Batizado como Antônio Frederico de Castro Alves, o futuro
“Poeta dos Escravos, nasceu na Fazenda Cabaceiras, na Vila de Curralinho, atual
cidade de Castro Alves, no interior da Bahia, no dia 14 de março de 1847, filho
do casal Antônio José Alves e Clélia Brasília da Silva Castro.
Foi através de seus versos que Castro Alves tornou-se um
ativista dos direitos humanos ao defender escravos e condenar a escravidão!
Em 1863 Castro Alves sentiu os primeiros sintomas da
doença a tuberculose, considerada o mal do século! Faleceu em Salvador no ano
de 1871, em decorrência da tuberculose.
Castro Alves é o patrono da cadeira número 07, da
Academia Brasileira de Letras.