A
PROPÓSITO DE MEMÓRIAS DE ARACAJU – BODEGAS
De Sandra Natividade
Obra:
Memórias de Aracaju – Bodegas
Autor:
Expedito Souza, Aju/SE., 2019
206
páginas
Impressão: Sercore Artes Gráficas Ltda.
Agradável,
envolvente é assim que classifico o talentoso escritor Expedito Souza, autor de
Memórias de Aracaju – Bodegas, por certo o mercado editorial sergipano se
tornou mais rico com produção tão significativa lançada dia 31 de maio de 2019,
às 19h30, no Hotel Sesc - Orla de Atalaia - local que abriga uma das mais belas
praias do nordeste brasileiro. Nesse memorial, tão especial, o autor faz uma
anamnese descrevendo, identificando seus proprietários e até mesmo alguns
clientes em sua grande maioria conhecidos nas áreas política, econômica e outros
nem tanto, são cidadãos do povo, gente simples, mas consumidores regulares, de
caderneta e tudo o mais.
A
propósito, as bodegas eram um negócio em potencial que oxigenava o mercado
atacadista aqui em Aracaju e alhures, os pequenos bodegueiros iam buscar suas
compras in loco outros mais
avantajados, os atacadistas, o serviam entregando suas encomendas pontualmente,
não deixando que esses estabelecimentos faltassem à freguesia. Embevecida na
leitura me detive na página 88 sob o título “De mascate a auditor e radialista” conta o autor, a história de uma mocinha, Priscila, de dezesseis anos, que
se descobriu grávida lá para as bandas de Pernambuco, seu estado natal e com
receio da reação dos pais fugiu, refugiando-se na residência de uma tia no
Recife. E lá passou pouco tempo, a experiência não
foi das melhores; saiu apenas com uma muda de roupa e a barriguinha já aparente.
Pernoitou na rodoviária e dia seguinte - conta o
autor- que a jovem adentrou num ônibus, sem
destino, sentou ao lado de uma senhora que residia em Maceió, conversaram no
percurso e a senhora a convidou para trabalhar em sua casa e de pronto ela
aceitou.
Foi muito bem tratada e lá Mizael, seu
filhinho nasceu. Após três anos os dias ali estavam contados, um incidente
provocado pelo filho da patroa que se mudou com a família para a casa da
bondosa senhora, criou mal-estar acontecimento que a fez sair do lugar que lhe
propiciou ter e criar o filho. Por providência Priscila mudou-se para Aracaju (de
onde nunca mais saiu) e aqui encontrou logo na rodoviária uma senhora, d.
Eunice, que a acolheu com orientações. Morou numa vila de quartos na Rua Divina
Pastora e por indicação da d. Eunice foi trabalhar na residência do doutor
Pedro Braz e professora Josefina Braz. Mizael sempre aplicado nos estudos
concluiu o curso primário no Grupo General Valadão instituição onde recebeu a Medalha
de melhor aluno da turma, contudo não descuidava de ajudar a mãe, vendendo
frutas na feira como também fazendo alguns mandados dos feirantes do mercado de
Aracaju.
Entra
nesta história a bondosa professora Josefina Cardoso Braz, minha confreira na
Academia Literária de Vida, sodalício criado pela abnegação de educadoras de
escol, lideradas pela ilustre e saudosa Maria Lígia Madureira Pina. A
professora Josefina foi fada madrinha de Mizael e de sua genitora, ela levou o
menino na Escola Industrial de Aracaju onde o matriculou, mais tarde, submetido ao exame de admissão,
passou e fez o curso de Tipografia, estudando em tempo integral, sempre bastante
desenvolto trabalhou na Rádio da escola como controlador de som. Ao concluir o
curso de Tipografia, matriculou-se em Contabilidade. A situação da pequena
família melhorou: o rapaz comprou uma casa com uma bodega na frente para que a
genitora descansasse um pouco do labor diário como doméstica. O rapaz conseguiu
emprego numa fábrica localizada no interior do Estado, ajudante de limpeza era
o cargo. Mizael era obstinado e perspicaz chegou a diretor financeiro, como
também auditor de todas as empresas do grupo, instaladas no país. Após sua
aposentadoria, Mizael foi indicado membro do
Conselho Consultivo do grupo empresarial. A história termina com Mizael diretor
de uma emissora católica. Esta em especial é uma das setenta e oito histórias
que ilustra Memórias de Aracaju – Bodegas, do habilidoso Expedito Souza, filho
de Riachão do Dantas/SE, escritor, experiente profissional da área econômica,
festejado professor universitário.
Sandra Natividade - membro da Academia Literária de Vida, cadeira n. 12; Membro da Academia de Letras de
Aracaju, cadeira 19.
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